Luciana Queiroz nasceu em Campina Grande-Pb. É mestra em Letras, poeta e professora de Literatura. Começou na escrita literária depois de adulta e publicou o livro "Nua sob escamas".
VOLTA
Largas de vaidades
já sei tudo de tua vida:
que tens outras
e que não queres ser de ninguém.
Teu trânsito de corpo em corpo
não me atrapalha a alma.
Quero você, seus significados,
sua conotação escancarada em minha língua.
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CORPO
Corpo despedaçado
onde correm veias abertas
de angústia e medo
Corpo dilacerado de estigmas
alvo de injúrias e ultrajes
Corpo meu que não guardo
nem escondo, nem flagelo
Corpo que a noite teima
PEDRA
Sou pedra
E de rocha é feita toda a minha alma de mulher.
Reclino-me no chão do sertão quente
E lá fico
Parada
À mercê de chuva e vento
Porque deles se faz minha erosão voluntária.
Me desgasto, me esfarelo
E cada partícula de areia que sai de mim
Compõe o mundo inteiro
Sofro, me dilacero
Mas sei que só assim faço parte de tudo isso.
A cada chuva,
A cada ventania,
A cada casal que pinta de branco seus nomes de amor em mim,
Me faz mais pedra
Me faz mais rocha,
Pois sei que a cada erosão
Me lapido mais
É de natureza minha alma polida
E cada vez que mais redonda fico
Mais me faço eu,
Mais me faço mulher, redonda e minha
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FLOR
Se nunca te disse
ouso dizer-te agora:
tanto faz
a flor de mandacaru
quando o nome da rosa
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BORDATO
Com uma única bala na agulha
bordei minhas lágrimas com encanto.
A bala era de açúcar
e, de sal, meu pranto.
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