José Rodrigues é o pseudînimo de Edimilson José da Silva. Nasceu em Bayeux(Pb) e reside em João Pessoa(Pb). Publicou o livro de poemas Agonia mineral dos dias. Aposentou-se como professor da Rede Pública. É membro do Coral Voz Ativa, um grupo que realiza intervenções artísticas na cidade.
Gênese
Do azul
Deus espia
o idílio do fogo
o idílio das águas.
Do azul
Deus espia o orgasmo frio
das águas.
Do azul
Deus espia o trânsito
livre
das nuvens.
Deus
Vê tudo.
Menos as matas
que, virgens, de púbis para o sol,
esperam o claro instante da inevitável
fecundação.
Elegia
Tudo em minha alma é para sempre
como o sono dormente das pedras.
Tudo na minha alma é noite
revestida de melancolia, de tédio, de medo.
Tudo na minha alma é esperança,
vontade de viver,
de sonhar o sonho impossível
de ser eu mesmo duro como a pedra
para suportar os torpedos
que me são atirados pela janela dos dias.
Tudo na minha alma se dissolve
como nuvem escura na cinza das horas.
Tudo na minha alma se transforma
na dor de existir,
na agonia demiúrgica do meu degredo.
Tudo na minha alma
é solidário com a vida pequena dos homens.
Tudo na minha alma é utopia, repousa
nas esquinas desertas do mundo.
Pandora
Quantos segredos guardas
nesse teu rosto de mármore
nesse teu cabelo de ouro?
Quantos segredos guardas
nessa tua voz de pássaro
na alvorada?
Que guardas
nesse teu corpo de garça:
a caixa de Pandora,
ou a esperança morta
de sede de voar?
Idílio das Pedras
para Hildeberto Barbosa Filho
as pedras
se beijam escoradas
na margem esquerda
do rio
dentro do rio
os seixos aplaudem
o amor idílico
das pedras
Chão de Fantasia
Os pés não pisam
o assoalho dos sonhos.
Nem alcançam
as nuvens que cobrem
o chão de fantasia.
Os olhos
fixos no real efêmero
dos dias.
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