Raymundo Asfora (1930-1987), nasceu em Fortaleza-CE e foi morar em Campina Grande-Pb ainda menino. Foi poeta, tribuno e Professor de Direito Penal na Faculdade de Direito da Fundação Regional do Nordeste (atual Universidade Estadual da Paraíba).
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ÚLTIMO ADEUS
Tenho bem viva, na
lembrança, aquela
tarde estival do derradeiro adeus,
o sol poente, com frágil vela,
cedia à noite as amplidões dos céus.
Pálida e triste, mas de
face bela,
tendo o crepúsculo nos olhares seus,
por entre as brumas da distância, ela,
partiu saudosa entre um saudoso adeus.
E, a relembrá-la, estou no
meu caminho,
arquitetando, em sonho, o nosso ninho
na frondosa palmeira da ilusão.
Mas ela, ingrata, não
voltou mais nunca...
E o pesadelo que o meu sonho trunca,
É atroz ironia da desilusão.
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TROPEIROS DA BORBOREMA
Estala relho marvado
Recordar hoje é meu tema
Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema
São tropas de burros que vêm do sertão
Trazendo seus fardos de pele e algodão
O passo moroso só a fome galopa
Pois tudo atropela os passos da tropa
O duro chicote cortando seus lombos
Os cascos feridos nas pedras aos tompos
A sede e a poeira o sol que desaba
Rolando caminho que nunca se acaba
Estala relho marvado
Recordar hoje é meu tema
Quero é rever os antigos tropeiros da Borborema
Assim caminhavam as tropas cansadas
E os bravos tropeiros buscando pousada
Nos ranchos e aguadas dos tempos de outrora
Saindo mais cedo que a barra da aurora
Riqueza da terra que tanto se expande
E se hoje se chama de Campina Grande
Foi grande por eles que foram os primeiros
Ó tropas de burros, ó velhos tropeiros.
Forró em Campina
Composição: Jackson do Pandeiro
Cantando meu forró vem à lembrança
O meu tempo de criança que me faz chorar.
Ó linda flor, linda morena
Campina Grande, minha Borborema.
Me lembro de Maria Pororoca
De Josefa Triburtino, e de Carminha Vilar.
Bodocongó, Alto Branco e Zé Pinheiro
Aprendi tocar pandeiro nos forrós de lá.
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