terça-feira, 14 de março de 2023

Nísia Nóbrega

Nísia Nóbrega nasceu em Mamanguape-Pb em 1928 e faleceu em 2000. Escreveu diversos livros de poemas, entre eles “Nox braços leves do vento”, “Rosa distante”, “Completamente amor”, “Ramo da saudade”, “Isla-sin-raices”, “Na flor da correnteza”, entre outros. Rabalhou na rádio MEC com um programa de entrevistas, foi poeta e professora.





 

 


 

     POEMA DE AREIA E VENTO

          Por onde, Mamanguape?
          O medo ia e vinha
          com cheiro de caldo de cana,
          no vento encanado
          das ruas de Areia.
          Areia é só ventania:
          vento trazendo lembrança
          de gente buscando ouro,
          de gente tangendo bois.
          Areia de hoje rima vento e convento,
          faz-se caminho do amanhã,
          cresce no estudo,
          religiosamente renascente.
          Areia de ontem,
          por onde?

         

          NO CLAUSTRO DE AREIA

          No amanhecer,
          descobri o jardim,
          dentro do claustro,
          fechado ao vento
          e aberto ao sol.
          Suas flores cheiravam a incenso.
          Pareciam-se com as velhas freirinhas alemãs
                                                 que o cuidavam,
          quase cegas, quase surdas,
          mas erguidas e brancas,
          lírios vigilantes,
          de pureza intacta.

 

          POEMA DA MANGA-ROSA

          Mamangua-penso, e ao risco escapo.
          Volto no tempo...
          Macia pele de manga-rosa,
          mão descascava.
          Sumo escorrendo,
          da boca ansiosa,
          manchava a manga
          da blusa nova,
          tão cor-se-rosa,
          tão manga-rosa,
          tão perfumada...
          Manchada? Não.
          Aquela blusa ficou foi doce,
          e mais macia,
          sem engomados,
          só manga e róseo
          tempo escorrendo,
          despetanlado.

 

          ONDE FOI RIO

          Onde foi rio, era chão,
          duro, lavado, sem brio.
          Nenhuma flora para espera,
          rachando ao sol,
          chão de estio.
          Onde foi rio, corri,
          lágrima e sal de esperança.
          Espera e anseio perdi
          de me rever em criança.
          E já não cri, já não cri.
          Por onde os grilos da infância?
          Quem de buscar não se cansa?

 

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Envie poemas, minibio e foto para o e-mail lausiqueira@yahoo.com

Francc Neto

  Minha jornada como poeta começou na adolescência,  publicando poemas em revistas e jornais.  Ao longo dos anos, minha poesia foi reconheci...