sexta-feira, 31 de março de 2023

daVi gaLon

Mélchior  Sezefredo  Machado, paulista de Campinas-SP, domiciliado em João Pessoa-PB, formado em Jornalismo e Direito, e também pós-graduado em Direito Administrativo e Gestão Pública. Participou do livro "A nova literatura brasileira - 1983", editado pela Shogun Arte e Editora e é autor dos livros "Alcoologia da Libertação", editado pela Sonda Editora, em 1985,  Frente e Verso, publicado pela Editora Raízes em 2013,  Escombros, publicado em 2015, e 60 Sonetos e 30 motes Soneteados, publicado em 2019,  ambos com o selo da Gráfica do Jornal o Desafio, todos  de poesias. Tem participação em vários outros livros de antologia poética e possui muitas centenas de poemas veiculados em várias páginas da internet. Escreve sob o pseudônimo de daVi  gaLon.






OBSCURIDADE


Eu quero viver na obscuridade,
Como as pedras do fundo
Do rio mais profundo...
Eu quero viver na obscuridade,
Sem claridade, sem gravidade,
Como um asteróide infecundo...
Eu quero viver na obscuridade,
No vazio imenso de que me inundo...
Eu quero viver na obscuridade,
Pra não sentir jamais
O peso do mundo!




*****




MINHA JANELA


Na minha sala de estar
Estive o tempo inteiro...
Cumpri, assim, o roteiro
Da vida que eu quis levar.
Não vi o rio nem o mar
Pra não saber que há partida;
Passei assim pela vida
Fitando a minha janela...
E tudo escapou por ela,
Só eu não tive saída!!!



*****



ALQUIMIA

Vou à frente pelos campos
Separando os espinhos...
Sei que à noite pirilampos
Iluminam meus caminhos.
Seguirei plantando flores
Pra que as veja no futuro
Quando em caminhada fores
Em busca do que procuro.
Colha algumas no caminho
Entre tantas que plantei
Antes já do finalzinho
De estares onde eu cheguei.
Não te esqueças de viver
Todo dia com vontade,
Pois um dia vais saber
Que isso foi felicidade.
Um pouco antes do fim,
Acharás o que procura,
Ponha as flores para mim
Sobre a nossa sepultura!



*****



SINAIS DO MEU TEMPO


Na juventude eu sonhava,
Hoje nem durmo direito...
Se antes me inoxidava
No sonho, hoje me deito
Coa impressão de ser frágil.
Vivo no mar assustado
Com iminente naufrágio...
O meu sonho do passado
Hoje virou pesadelo;
Nada de bom me auguro:
Miro o horizonte sem vê-lo,
Já não existe futuro!



*****



EGÓLOTRA

Convencido da minha perfeição,
Eu não pude enxergar os erros meus,
E vivi cegamente a ilusão
De que acima de mim apenas Deus!

Vi nos homens centenas de defeitos,
Mas jamais vislumbrei em mim enganos;
Excluí-me do rol dos imperfeitos,
Me sentindo melhor do que os humanos.

Fui aos poucos, assim, me isolando
E tomei ojeriza à multidão;
Não podia me ver confabulando

Com a plebe tão tosca dos banais:
Iludido da minha condição,
Me tornei o mais tolo dos mortais!



*****



CONSTRUTOR DE VERSOS


Minha alma povoada de poemas
Assobia à minha mente os seus versos,
E eles chegam feito pedras, diademas,
E os transformo nos castelos mais diversos.

Sustentados nas paredes das estrofes,
Se amarram pelas rimas nos seus cantos,
Projetados nas ideias que são cofres,
Tomam formas e então mostram seus encantos.

Já concretos e na sua arquitetura,
Buscam olhos ao abrir suas janelas
E se entregam totalmente à leitura.

Pronta a obra, mais um ciclo se completa,
E o poema, preso dentro dessas celas,
Deixa livre novamente o seu poeta!



*****



AMOR NO PONTO CERTO


Se eu te amasse bem mais do que te amo,
Com carinho maior, maior ternura,
Seria por certo um amor insano,
Quem sabe somente apenas loucura.

Se eu te amasse afoito e desesperado,
Talvez sentisse no peito aflição...
Mas te amo em paz, assim, sossegado,
E ao teu lado escuto o meu coração.


Se eu te amasse enciumado, inseguro,
Com o peito em constante agonia,
Viveria um amor desconfiado,

Abortado em si mesmo de poesia...
Mas te amo um amor no ponto certo
E por isso de paz vivo coberto.



*****



TRILHA


Vá com calma, consciência,
Como a hora engole os segundos...
Viver exige ciência,
Paciência de vagabundos.

Tudo muda, não se importe
Coa pedra que há no caminho;
Não se iluda, seja forte:
A rosa mora no espinho.

Abra a boca num sorriso,
Se for blasfêmia, não diga...
Talvez não seja preciso,
Apenas siga, prossiga.

O céu continua aberto,
E o sol imponente brilha...
Se só o caminho é deserto,
Que tal mudar sua trilha?....

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Francc Neto

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