Sérgio de Castro Pinto nasceu em João Pessoa(PB), onde ainda vive. É poeta, advogado, jornalista e professor da UFPB. No mestrado e doutorado, estudou Manuel Bandeira e Mário Quintana, respectivamente. Publicou O Cerco da Memória, Gestos Lúcidos, Zoo Imaginário, Ilha na Ostra, entre outros.
atos falhos
sequer os ensaio.
mas meus atos
falhos
encenam-se assim:
eles já no palco
e eu ainda
no camarim.
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seu Isidoro
seu Isidoro era eletricista
e a sua barba hirsuta
hirta
era um rolo de fios
desencapados
soltando faíscas
seu Isidoro era uma pilha
um surto um curto
um longo circuito
atritando-se com a vida
*****
as cigarras
são guitarras trágicas.
plugam-se/se/se/se
nas árvores
em dós sustenidos.
kipling recitam a plenos pulmões.
gargarejam
vidros
moídos.
o cristal dos verões.
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lapidar
em cada verso
que escrevo,
eu me parto.
a folha é lousa.
poemas, epitáfios.
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recado a pound
pound, eu não sou
nenhuma antena.
eu sou a pane
e a interferência
dos meus fantasmas
no tubo de imagens dos poemas.
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antagonismo: máquina
de fotografia/revólver
a máquina
é o revólver ao inverso:
os objetos-bala não saem,
eles entram, se internam.
da máquina
(se acionado o gatilho),
os objetos-bala a engravidam
de um festival colorido.
do revólver
(se acionado o gatilho),
apenas existe uma cor:
a mesma cor de um grito.
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o homem conduzindo a
máquina de fotografia
na máquina
a paisagem é intestina
(o fora está dentro),
não pode mostrar-se ainda.
a máquina
guarda o que havia fora
e o homem a conduzindo
conduz duas memórias:
uma a da máquina (mais dentro)
e a outra a do homem (mais fora).
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