terça-feira, 21 de março de 2023

Hildeberto Barbosa Filho

 Hildeberto Barbosa Filho nasceu em Aroeiras-Pb e reside em João Pessoa-Pb. É poeta, ensaísta, professor da UFPB, doutor em Literatura e crítico literário.

Membro da Academia Paraibana de Letras - APL, autor de diversos livros, entre eles, Nem morrer é remédio (poesia reunida).

 



 

POÉTICA II

 

O poema
também se faz
daquele verso
ausente,
aquele que seria
o ouro da poesia.

Aquele que vem subitamente
e nos habita à luz

da solidão.





*****

 

 

 

NEGATIVO

 

Não me vejo
nem no espelho
nem na fotografia.

E quando me vejo,
vejo-me incompleto.

Aquele que lá está
sou eu e não sou eu
precário reflexo.




*****

 

 

LEGADO

 

À noite se segue o dia
como as águas abrigam
calor e silêncio.

Resta ao homem
a pluma da linguagem,
ásperos navios de fogo
que iluminam os vazios.

 



*****

 

METÁFORA

 

Num antigo verso
falava das “pupilas da manhã”.

Hoje inverto a metáfora:
nas tuas pupilas, Pâmela, nadam
todas as manhãs.

 



*****



VERÃO

 

É verão
e tento proteger o sol
dentro de mim.

O que me aquece,
nessa tristeza de verão,
é o frio de aço
das duras calçadas
da alma.

É verão
e as pessoas nem estão
mais alegres.

(Tudo é claro, quente, triste!)

O sol explode
dentro de mim
enquanto me despeço

das outras estações.





*****

  

 

Princesa

(para Aldo Lopes e Otávio Sitônio Pinto)

 

São solitárias as nuvens
sobre a serra de Princesa,
cidade distante e sem fronteiras
como o mapa de meu coração.
A voragem dos ventos invade
a calmaria das praças, das almas,
e o silêncio da noite é golpeado
por antigas adagas invisíveis.
Como dói o deserto do meu coração!
Como dói o anônimo triunfo
de viver esse mundo longínquo
só por um instante no meu desespero.

 

 

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