quinta-feira, 30 de março de 2023

Carlos Alberto Jales

 Carlos Alberto Jales Costa nasceue em Natal-RN e reside em João Pessoa-Pb. Formado em Filosofia e Direito, lecionou em várias instituições de ensino superior, entre as quais a Universidade Federal da Paraíba e a Universidade Católica de Pernambuco. Já publicou diversos livros nas áreas de educação e poesia. Vindimas da Solidão (poesia) e o mais recente.




O POEMA ETERNIZA O INSTANTE

O poema eterniza o instante: luzes na madrugada, canto órfico dos pássaros, vozes dispersas que não se encontram. O poema eterniza o instante: e se recolhe a velhos mosteiros à espera de rituais de silêncio.



*****



AGORA QUE NÃO ESCUTO MAIS AS VOZES DE OUTRORA


Agora que não escuto mais
as vozes de outrora me
mostrando caminhos.

Agora que lilases
murcham so olhar
paciente dos jardineiros

Agora que os relâmpagos
não iluminam mais minha
lucidez

Agora que as tardes dispersas
ficam surdas à música dos
realejos.

Agora que do cio do chão
não brotam mais palavras
e lágrimas.

Agora que as ancas do tempo
nos apontam dias de ira.

Agora que os homens se perdem
entre rochas e vegetais, um barco
clandestino me espera e me leva
entre promessas e ventanias aos
arredores de um mar subjugado.



*****



EM TUDO O HOMEM PROCURA


Em tudo o homem procura:
a devoção,
a oração
a ilusão

Em tudo o homem vislumbra:
os ermos
os termos
os cerros

Em tudo o homem deseja:
as armas
as almas
as falas

Em tudo o homem descobre:
o posto
o rosto
o desgosto.

Em tudo o homem multiplica:
o nexo
o sexo
o amplexo.

Em tudo o homem constrói;
a utopia
a travessia
a agonia.

Em tudo o homem:
procura
vislumbra
deseja
descobre
multiplica
constrói.

Mas só encontra,
nos campos
da memória
a carne fraturada e
a solidão dos dias.



*****



 

TEMPO

 

Na vaga memória
do tempo, a noite
flutua. 

Escuto passos, mas
não distingo os sons. 

Imagino cansados
Viajantes chegando,
mas não sei de onde,

nem que caminhos
seguem com seus
crestados pés.

 Os mortos, discretos
como sempre, inventam
canções que ferem
o sigilo das águas. 

Na vaga memória do
tempo, a insônia
caminha com a solidão,
traçando o latejar
dos dias.



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