Arlan de Sousa Lopes nasceu em João Pessoa-Pb. Participou de algumas antologias de contos e poemas e foi premiado em alguns concursos literários na Paraíba. É poeta, mestre em Ciências Sociais e Defensor Público.
Balada da Praia do Poço
(a propósito de um antigo crime)
Os ouvidos do mar
e os olhos do mato
têm os punhos cerrados
os dentes rilhados
a mente embot
ada
e treme de gozo
por saber que na praia
os amantes se entregam
pela última vez
Cortejo
Lá vai o morto
em seu triste cortejo,
com os pés já não anda
é um simples despejo.
Os parentes choram
o que já é objeto
e a carreata segue
seu sinuoso trajeto.
Mas que ser logo adiante
o espera faceiro?
Não é Deus nem o Demônio
É o relés coveiro!
Seios
Há um caudaloso veio
de um seio
a outro seio teu.
Irrigados, eles despontam
qual dois cimos mirrados
para o desejo meu.
Escambo
Tu, ontem,
flébil donzela
me entregaste docilmente
seu selo virginal.
Eu, hoje,
eterno devedor,
te devolvo prontamente
três frutos celestiais.
Princípio do prazer
nada como de tudo
arrancar um pedaço
nada como um beijo
depois de um abraço
nada como na vida
as visões que já tive
nada como sentir
que ainda se vive
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