quarta-feira, 29 de maio de 2024

Francc Neto

 Minha jornada como poeta começou na adolescência, publicando poemas em revistas e jornais. Ao longo dos anos, minha poesia foi reconhecida por colegas e admiradores do meio literário. Após uma pausa para reflexão em 1994, retomei minha paixão pela escrita em 2020, durante a pandemia. Atualmente, estou dedicado à produção de uma variedade de textos,  incluindo poesia, contos e críticas literárias, com planos de publicar obras futuras.



 

Pombo Cidade


Entre esquinas e carros, o pombo reina,
um sopro de liberdade em meio ao caos,
nas asas desse pássaro urbano, a dança da sobrevivência.

Ele desliza entre prédios cinzentos,
im traço de cor na paleta do concreto,
escapando por entre frestas e grades,
um símbolo de resistência nos ares da cidade.

Sem amarras, ele desafia o cotidiano,
um poema vivo em pleno voo,
nenhuma máquina pode detê-lo,
pois ele é a própria essência do movimento.

Nas vielas estreitas, ele se insinua,
um ser em constante transformação,
um espelho da metrópole que pulsa,
o pombo, um ícone, voa além da imaginação.

 

*****

 


Olhar de Musa

 

No topo da Serra Negra, onde o fogo deixou sua marca,
nasceu Preciosa do Agreste, testemunha do tempo que passa.
Seu olhar carbonizado, profundo e penetrante,
revela segredos antigos, além do mero semblante.

Olhar de musa, que queima e transcende,
que desnuda as camadas, que o tempo esconde e prende.
Queima e revela, desvenda o que está por trás,
além da superfície, onde repousam os ais.

Seu rosto calcinado, escultura da natureza,
memória viva das chamas, da dor e da beleza.
Testemunha silenciosa, do fogo e da combustão,
emana a essência do tempo, em sua mais pura expressão.

Que este poema ecoe a essência do carbonizado,
da Preciosa do Agreste, que o tempo tem moldado.
Que celebre sua beleza única, sua força ancestral,
e inspire a busca pela verdade, além do superficial.

 

*****

 


Viragem de Vozes

 

Viragem – mudança, uma volta
Corporente – do corpo, presente
Carcanto – esquina, recanto oculto

Ave, ave, quo vadis?  
Na arcada de um chacaré, 
uma ave descansa,  
o silêncio se espalha em tupi-guarani,  
"Nhanderekó", modo de ser,
na sombra de folhas que whisper.

Follis de hélio, galhos distraídos,  
desfazem-se no ar, ubi sunt?  
As aves que esquecem de pousar  
em céus de palavras misturadas,  
Kuenda, o ir e vir em kikongo,  
no ciclo de voar e voltar.

Algo cai em água turva,  
Ubi aquae turbidae,  
mas ressurge, almeja o brilho,  
Ubíty, vida em tupi, vida no lodo,  
onde o claro se turva,  
onde o lodo brilha com luz própria.

Desfaz-se a cristalinidade,  
tornar-se opaco, tornar-se pleno,  
Inchoare, iniciar um poema,  
com palavras de muitas línguas,  
Yvoty, flor em guarani,  
flor que nasce no inesperado.

Desfazer, para fazer,  
Brincar nas fronteiras do entendimento,  
Ars poetica em desacordo,  
não uma utopia, mas um "só",  
um sopro, um começo,  
onde tudo é possível,  
no tecido das línguas,  
no entrelaçar das vozes.  

Issó, isso que é, que seja.  
Que seja o que for.  
A poesia em todas as suas formas.

 

*****

 

 

fragmentos 
para qualquer olhar

 
talho
a paisagem fria
dia
sem sol
o mármore resiste
ao peso da agonia
palavras 
máquinas 
muralhas
ah tudo se degrada
passo a passo 
interrogo
bares & lares 
reticências 
contudo
desnudo 
face
aos rios
sem curso
b l a c k - o u t

 

***** 

BSB, 1994

 

 

 

HETÁ 

 

Amarelo
SOL  
vibração  
luz  
Fragmentos  
RAÍZES ancestrais  
caminhos em cores  
terra  
Exploração  
novo horizonte  
Contraste  
Vermelho encontrando Amarelo  
União
Texturas antigas  
renovação  
Resiliência  
Barroco em ruínas  
beleza  
Inspiração  
HETÁ 
comunhão 

 

*****

 

 

sem amarras

 

sem limites  
sem amarras  
sem pontuação  
caixa baixa  
caixa alta  
liberdade total  
palavras dançando  
no ritmo do desejo  
criatividade  
fluindo como rio  
sem destino  
sem fronteiras  
apenas vontade  
de cair no mundo  
e seguir adiante  
palavras com libido  
com fome de vida  
caindo e indo  
sempre em movimento  
poema sem lirismo  
apenas essência  
de um desejo  
de ser  
de existir  
pós qualquer coisa  


*****  

 

 

Parto Poético

 

No silêncio do estúdio,  
o poeta, árvore em voo,  
enraíza palavras na terra fértil do imaginário.

Folhas, como pensamentos, tremulam -
capturam sombras e luz,  
sussurram segredos de outros mundos.

Nasce o poema, fruto indomado,  
entre o desejo e o desapego,  
uma cria que respira independente.

Respeitamos o enlace sagrado,  
criador e criatura,  
um pacto de renascimento perpétuo.

Cada verso, um lapidar de gemas brutais,  
revelando faces ocultas  
no mármore do caos.

Aromas exalam, convites sutis  
que desafiam o paladar da alma,  
oferecendo sabores de infinito.

E no parto desse poema,  
escutamos o vento,  
esse antigo escultor de horizontes.

Agora, o poema respira, vive,  
uma entidade à parte,  
flutuando além do alcance do poeta.

 

*****

 

 

Uma Ode às Borboletas

 

No crepúsculo da manhã,
quando os primeiros raios de sol
acariciam a paisagem,
as borboletas despertam de seu sono noturno.
Emergem de suas crisálidas,
símbolos vivos da metamorfose eterna.
Suas asas, uma tela onde a arte da natureza
se desdobra em cores vibrantes e
padrões intricados,
são a prova da habilidade divina
em transformar o simples em sublime.

Voam em busca do néctar das flores,
dançando entre os jardins
como pequenas bailarinas celestiais.
Cada batida de suas asas
é uma nota na sinfonia da vida,
uma melodia que ressoa
através dos campos e florestas,
anunciando a chegada de uma nova estação.

Mas nem tudo é sereno no mundo das borboletas.
Elas enfrentam desafios inimagináveis em sua jornada,
desde predadores vorazes
até tempestades violentas.
No entanto, sua determinação é inabalável,
sua vontade de viver é inextinguível.

E assim,
a saga das borboletas continua,
uma história de beleza e bravura,
de transformação e transcendência.
Como observadores dessa dança da vida,
podemos encontrar inspiração em sua jornada.
Assim como as borboletas superam desafios
e se transformam,
também podemos encontrar força
para enfrentar nossos próprios obstáculos
e nos elevar a novos patamares
de crescimento pessoal e espiritual.
Que possamos aprender com elas
a arte de voar livremente,
mesmo diante das adversidades mais sombrias.

 

*****

 

 

Manifesto do Novo Estilo de Poesia

 

Nós, poetas e artistas visuais,
reunidos em busca de uma expressão poética
mais inclusiva e diversificada,
propomos um novo estilo de poesia
que abraça a tradição e a inovação,
a métrica livre e a musicalidade do Cordel.
Este manifesto é um convite à criatividade,
à sensibilidade e à liberdade artística,
e um compromisso com a construção de pontes
entre as experiências humanas universais
e os desafios contemporâneos.

 

Princípios Fundamentais:

 

Métrica Livre e Flexível: Abraçamos a liberdade
de forma e estrutura,
permitindo que os versos fluam naturalmente
de acordo com a essência de cada poema.

Musicalidade do Cordel: Celebramos a cadência
e o ritmo característicos da poesia de Cordel,
incorporando-os em nossa expressão poética
de forma autêntica e vibrante.

Exploração de Temas Universais e Contemporâneos:
Buscamos inspiração nas experiências
humanas comuns e nas questões sociais,
políticas e culturais do nosso tempo,
dando voz aos nossos tempos e desafios.

Liberdade Criativa e Experimentação:
Encorajamos a experimentação
e a diversidade de estilos,
linguagens e formas,
incentivando os poetas a explorar
novas fronteiras da expressão poética.

Inclusão e Diversidade: Reconhecemos
e valorizamos as diversas vozes,
perspectivas e identidades
dentro da comunidade poética,
promovendo a inclusão
e a representatividade em nossas obras.

 

Compromisso:


Ao aderir a este manifesto,
comprometemo-nos a promover
e cultivar um ambiente poético
que estimule a criatividade, a sensibilidade
e o diálogo entre os poetas e leitores.
Reconhecemos que a poesia
é uma forma de arte viva e em constante evolução,
e nos comprometemos a contribuir
para sua diversidade e relevância no mundo contemporâneo.

Junte-se a nós nesta jornada de descoberta e expressão,
onde a poesia é livre para florescer em todas as suas formas e cores.

 

 

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Francc Neto

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