Antônio Aurélio Cassiano é poeta e formou-se em História pela UFPB. Nasceu e vive em Triunfo, no Sertão da Paraíba.Ao longo da vida, desde adolescência, sempre escreveu poemas e textos reflexivos, resenhas e artigos que abordam a história e os principais aspectos culturais do município de Triunfo. Noano 2000 publicou seu primeiro livro de poemas, "Sobre memória e solidão". Depois publicou Memorando 42. recentemente publicou Poemas Embalados a vácuos, pela Editora Arribaçã.
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Haverá a hora
A última
A derradeira
Haverá o recomeço
O tempo do tempo
A revelação
Haverá a escuridão
Luz no tempo
Das coisas
Dores mortas
E os códigos
Serão renovados
A História vai começar de novo
Não tem mais tempo
Só passagem
E o passarinho lentamente alça voo
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Porteiras
Tramelas
Agô
Porque a parte
De mim que deságua
É Oxum
A parte que
Reza
Oxalá
A que planta
E que colhe
Ossain
O caçador de mim
Mil tons
De Oxóssi
E no mar
Filho peixe
De Yemanjá
Para as injustiças
Eu tenho o duplo
Machado
As correntes rompidas
Chicote em açoite
As saias de Oya
E do ferro ergue-se
Os caminhos do saber
E a guerra das manhãs
Nós irmãos
Iberês
E a doçura do afeto
Ewa
O ciúme
E a orelha
A beleza
Escondida
Pipocas Atotô vida
E o filho do rio
Com o caçador
Reluz na manhã dourada
O arco-íris
A cobra
O disfarce
Obá
Espada
Despida
E por fim
A lama
Mãe de todos nós
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Quando eu for morrer
Tudo que quero
É uma cama
Uma dor
Uma mão segurando
A minha mão
Um vela de cera
Uma excelência
Cantada como
Um rock'n'roll
E as dobras do tempo
Me espalhando pelo chão
Quando eu for morrer
Gostaria de estar
Sorrindo
Mas morrer dói
Como
Nascer
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Tenho a dor como
Companheira
Mas a alegria
Como profissão de fé
Tenho o amanhã
Como possibilidade
E a eternidade
Como devaneio
Deus
Sou eu
Ele
É o meu desejo de salvação
Não sei de quê
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Como a cor do tempo
Tinge as portas
As janelas
As paredes
As casas
E quem mora nelas?
Como o tempo
Tinge
As aparências
Para esconder
Sob o zinabre que oxida
Histórias?
O tempo envelopa
Suas presas
Para que um dia
As que resistirem
Se revelem
E abram as janelas do passado
E nós
Que no futuro
Também seremos passado
Olharemos para o monte onde moram
Os Deuses
E que se ergue em nós?
Nós
Espalhados
No tempo
Como poeira
De estrelas
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No mais das vezes
Somos as sobras
De nós mesmos
E de tão pouco a cada dia
A cada dia
Nos tornamos mais raros
Somos as águas
De um rio largo
Que arrastou barrancos
Dragou barcos
Mas deixou para traz as pedras
E os caminhos que não pode levar
Nós nos alongamos
No tempo e
Ao mesmo tempo
Estreitamos nossas margens
Até nos tornarmos um fio d'água
Um pingo
Um pingo que
O calor do sol
Vai fazer evaporar...
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Nasci dos galhos
De uma frondosa
Mangueira
Meu sangue guarda
A cor das misturas
Ibéricas
Dos árabes
Conquistadores
Das dores que pariram Portugal
Sou sobra dos disfarces
Que esconderam os judeus
Da sanha da inquisição
Sou cristão novo
Misturado a índio Icó
Sou brasileiro negro
Eu sou filho
De muitos Deuses
Vindos de terras distantes
E nascidos no quintal do meu avô
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