João Damasco Mangueira Braga nasceu em Cajazeiras-Pb, Reside em Campina Grande onde é professor aposentado do Curso de Engenharia Elétrica da UFPB. Graduado também em Letras pela UFPb, dedica-se atualmente à Literatura. Publicou o livro Rabo de Cutia.
RASGA MORTALHA
A rasga-mortalha grasnava:
sinal ruim, morte na casa.
Instaurava-se o medo,
que era falso, não era medo,
pois lá pela quarta vez
a rasga-mortalha já estava
desmoralizada.
BAGAÇOS
Para Adeildo Pereira
A cana chupa o homem.
Doçura,
fibra e brancura,
por entre os nós,
por trás da casca,
da pele escura.
O homem chupa
a cana
chupa
o homem.
PREDADOR
O urso negro era belo.
Senhor de implícitos limites
na branca planície,
acomodou-se na gruta
presumindo instintivamente
a segurança do abrigo.
Espreitava-o com fome
um urso cinzento,
na afoiteza bruta
de violar o domínio alheio,
no desespero de ser
acossado por outros
mamíferos
plantígrados,
predadores insensíveis
- homens sem cor.
IMAGEM E
SEMELHANÇA
A Ideia do crepúsculo
A Criadora Palavra
O crepúsculo
A Ideia do homem
A criadora palavra
O homem
A ideia do poema
A palavra crepúsculo
Um poema
Semelhança e imagem.
VIDA
Sylvia Plath foi dormir cedo,
mas um poema acabado
não desaparece.
OUTRO RECRUTA
Para Edilson Amorim
lia Oswald
e disse também à namorada:
Se morrer, venho te ouvir cantar.
Sobreviveu à guerra,
conheceu uma gringa
e ficou morando por lá.
ENCONTRO
Mergulhar no poema
deixar-me lavar.
Pelo rio do teu corpo,
deixar-me levar.
No vau do poema
do teu corpo,
de mim para mim,
sem retorno passar.
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