Arnaldo Xavier nasceu em Campina Grande-Pb, em 1948. Faleceu em São Paulo, em 2004. |
Arnaldo Xavier é paraibano de Campina Grande. Nascido
em 1948 e faleceu prematuramente em 2004. É uma das vozes mais fortes da sua
geração e um forte representante da Poesia Negra brasileira. Estreou em poesia
através de um projeto do Centro Popular de Cultura – os lendários CPCs. Incursionou
pela Poesia Concreta e pelas vanguardas. Mudou-se para São Paulo ainda muito
jovem.
“O Negro não é feio nem Bonito. O
Negro contraria pelo Seu Não-Alinhamento. Pela sua Não-Permissão. O Negro
contraria e esta contrariedade é a expressão de incorrespondência às
significações adversas manifestadas pelo mundo branco.” (...) Hum tempo novo exige uma nova
linguagem. E que esta Linguagem seja exatamente o sentido )quizilista(, o gesto
(xangótico), a sugestão )ebólica(, a careta (quilombística), a escrita
)exusíaca( que o corpo do negro aponta de forma própria irreversível.” (XAVIER,
1986, p. 96)
SENTINELAVANÇADA
as piranhas corroem
as piranhas corroem
as piranhas corroem
até o último gomo da noite RITMICASTRAÇÃO OU
JURUNANDO
os gestos últimos fluem
os corpos noturnos e copos taciturnos
os sabugos esqueléticos os lápis atônicos
o horizonte como sabre afiado
a camponesa tristeza choca o grão e o esperma
a necessidade de comer gerando a necessidade
as escondidas danças em gemidos molhados PORTA DEMERGÊNCIA
armei ilhável antro
armei policiável pedra (atiçados
armei
caçável ave
armei
plantável vida
armei insufocável brado
armei aurorável horizonte
armei populações civis
armei (em plenas aflições) funerável motivo Fonte: Antônio Miranda.
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