Jeovânia P. nasceu em Natal(RN) e reside em João Pessoa(Pb). É professora, mestre em Filosofia. Publicou entre outros, Palavras poéticas e Quem abriu a boca da pedra. Trabalha com oficinas, minicursos e palestars sobre literatura feminina negra.
POESIA
QUE PIPOCA
com
a inspiração fervendo
pôs
letras na panela-papel
não
tampei
para
assim poder olhar
as
palavras saltitando
feito
pipoca
enchendo
a boca de quem faz poesia
RECADO
Menina
Nunca se esqueça
De levantar
Sempre que cair
De lutar
De resistir
De levantar a cabeça
De pensar
De pensar
Nunca se esqueça
Esse ócio reflexivo
Pode lhe salvar a vida
De tantos modos
Que nem dá pra contar
PODER
Seus olhos me batem mais que o chicote
Seu silêncio ordena
Essa serva obediente
Só grito se me é permitido
Troco de lado
Viro senhora do servo
Oriv serva do senho
Cativa e cativante
Mordo a mordaça
Enquanto açoitas essa loba
PELES
minha pele sobre a sua
mistura-se
une-se
como uma coisa acoplada a outra
que quem vê não diferi
minha pele sobre a sua
é a expressão mais simples
de carne nua
NEGRA NO TRONCO
A árvore serra
Sangra
Sua seiva
Minha essência de vida
Meu sangue que escorre pelas costas nuas cheias de
chibatadas
Minha regra que escorrega pelas pernas
A árvore serra
Lava a terra com vida
Com essa vida que se esvai de mim
FORÇA
FEMININA
Há em nós uma força ancestral
Que vem de dentro da terra
E encontra suas raízes em nosso caminhar
Que pulsa uns gemidos de dor
Outros de prazer
E mais ainda de resistência
Que corre no espelho
A nós afagar
Que segura a lágrima
E nos põe forte
Renovando nosso ser
Essa força encontra em nosso ventre
O lugar ideal para brotar
Amor negro
Percorre todo o corpo
Uma alegria
Uma festa por dentro
Sempre que ele está perto
A felicidade me visita
Anda de mãos dadas com o amor
Bate na porta
E me beija
Essa felicidade negra
Alcança as noites
E os dias
E põe pó de pilimpimpim
Na vida
Nenhum comentário:
Postar um comentário