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quarta-feira, 1 de março de 2023

Ceiça Cirilo

 Ceiça Cirilo nasceu em Patos(Pb) e reside em João Pessoa. É graduada em Engenharia Civil pela UFPB e pós-graduada em Filosofia Contemporânea pela PUC-RJ. Escreve crônicas, contos e poemas. Publica prioritariamente nas redes sociais.






Registro

A vida dorme imersa
Nos tons castanhos de Steichen.
Na paisagem,
                    Abandono e silencio.
Um véu de horas finas
Cobre a sonolência dos dias.
Na imobilidade do lago,
                    O vazio do mundo.



Na noite



Há um cachorro que late ao longe
e nem suspeita que, na madrugada,
desperta medos adormecidos
desde a solidão da mãe grávida.

Há uma ventania que insufla as águas
do mar escuro, um farfalhar sem fim;
trovoadas recriadas com folhas de flandres
na infância de teatros improvisados.

E há assobios desesérados que gritam
do lado de fora às três e quarenta,
quando as pálpebras pesam e
os pensamentos perdem-se em incertezas:

Para onde vai a lua quando não aparece por aqui?
Em que varanda toca um sino de vento incessantemente?
Cachorros sonham com pessoas?






Tempos idos


No teto de folhas,
perfume de frutas caídas.

Gosto azedo traz
tempos espalhados no caminho.

Pitanga?

Pela ferida de seu tronco,
escorre a cor laranja.

No rasgo do manto de mofo,
um pedaço do mundo: Bacupari.


 

 

Amanhecer

Indiferentes à costumeira
lida dos pescadores,
à brisa que carregava
cheiro de peixe fresco,
à singularidade, dia após dia,
do nascer do sol subindo
das águas e iluminando
as velhas castanheiras,
suas folhas caídas ao amanhecer,
reluzindo feito contas prateadas,
embelezavam as calçadas do mercado.

 

 

BAILARINAS


Só no tempo em que
o vento despendurar
as folhas dos galhos, e o sol,
com habilidade de um ourives,
queimar suas peles,
filigranando ornamentos singulares;
caídas, como bailarinas num palco,
elas se dobrarão, delicadamente,
sobre si mesmas, e
levadas pelo vento,
darão piruetas no mundo.

 

 

Pérolas

Dizem que no mar mora uma deusa
que reina sobre todas as águas.
Dizem, ainda, que ela adora enfeitar-se
e que realiza desejos em troca de presentes.
Resolvi visita-la.
Fui à minha caixa de colares,
e escolhi o mais lindo
- havia tanto para pedir.
Percebi que o fecho
estava quebrado.
Ante a grandeza daquelas águas,
com o colar partido fechado na mão,
faltou-me coragem.
Mergulhei e abri a mão.

Envie poemas, minibio e foto para o e-mail lausiqueira@yahoo.com

Adriano Cabral

 Adriano Cabral de Sousa nasceu em Santo André-SP e reside em João Pessoa-Pb. Cursou Letras na UFPB e integra o Coletivo de Teatro Alfenim d...