terça-feira, 21 de março de 2023

Magna Vanuza

 Magna Vanuza Araújo nasceu em Boqueirão(Pb), onde ainda vive. É professora e poeta, graduada em Pedagogia pela UEPB, coautora de livros como Retrato Poético, participa das coletâneas Novos poetas do Cariri paraibano e resistência poética. Sua poesia pode ser encontrada também em revistas e sites de literatura.

 

 


 

 

 

Engolindo sapos


Tenho andado
Perdida
Em caminhos fartos

Tenho andado esquecida
As margens do asfalto
Tenho andado sofrida
Em consequência dos fatos
Tenho andado calada
Engolindo sapos



*****



 

"Humanaidade"

 

Há muito estamos em surto.
Vivendo cada dia um por si e ninguém por ninguém.
Há muito estamos em surto, curtindo nossa vibe, fumando nosso caos.
Há muito estamos à beira do precipício, tomando nosso sorvete e descongelando as geleiras.
Há muito tempo estamos assinando nossas carteiras e pedindo permissão.
Há muito estamos em surto, assistindo televisão
Acreditando que nada nos aflige, que somos infalíveis, donos da razão.
Há muito consumimos mais do que precisamos.
Vomitamos tudo no oceano e depois compramos peixe do quintal do nosso esgoto.
Há tempos estamos com problemas de extinção, coração e valorização.
Sozinhos,
Nas vias, portos, estações.
Há tempos que não abraçamos e não apertamos verdadeiramente as mãos.
Há tempos que ouvimos socorros das ruas, mares, das florestas, rios...
Há tempos atravessamos enchentes, apagamos e acendemos fogueiras
moldamos de lama o que emana da nossa geração.
Há tempo, muito tempo que o socorro não vem
Que as UTIs estão cheias,
os bancos de sangue vazios
E as veias jorrando
De sangue
De pestes
Há muito, muito tempo, subimos e não achamos ar
Fugimos do nosso lugar
Tentamos escapar
Esquecemos o que é lar.
Há tempo que é pedido uma pausa
Há tempos que não aceitamos enxergar a causa.
Há tempos que estamos no fio da navalha.
Há tempos que tudo, quase tudo é falha.




*****




Script


Subo sozinha
o palco
Em cena
Desperto
Para o
espetáculo
Sem plateia

Tomada
Destexto

 

 ***** 

 

Do passar do tempo


Com o tempo
A gente vai ficando
Cheia de manias
De nove horas
E ave maria

 

 

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