Walter Galvão (1956/2021) nasceu em João Pessoa, jornalista, poeta, músico. É autor de diversos livros, tem poemas musicados e gravados por Didier Guigue, Eleonora Falcone, Paulo Ró. Os poemas abaixo estão no livro Silabário.
CIRCULANDO
Eu ouço o som da injustiça
ouço o som da injustiça
som da injustiça
som da
som
da injustiça
ouço o som
da
injustiça
eu ouço o som da injustiça.
*****
FOTOGRAMÁTICA (à media luz)
A língua alma
no espelho
é reza calma
em vermelho
Clichê neon
asa e som
estribo língua
no cheio.
*****
CLARIDEZ
Lá fora
a tarde estremece
anseio em prata.
Agora
mesmo feito sal
ouso olhar além
a querer mais.
*****
4 - DO SENTIDO EFÊMERO DAS FRONTEIRAS
O relógio martela
na sala
tatuado na parede.
Exibe sua lógica
língua sobre a pele
do tempo.
O relógio
emboscado na parede
é céu aberto
pupila dilatada
que me olha
por dentro.
*****
ABSTINÊNCIA
Da mulher jaguar, guardo garras do meu corpo.
Feridas sangram as causas da falta.
A ausência soa a dor.
Sirene, mandala,
sereia da mata,
estou sem ti.
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