terça-feira, 28 de março de 2023

Walter Galvão

 Walter Galvão (1956/2021) nasceu em João Pessoa, jornalista, poeta, músico. É autor de diversos livros, tem poemas musicados e gravados por Didier Guigue, Eleonora Falcone, Paulo Ró. Os poemas abaixo estão no livro Silabário.




CIRCULANDO


Eu ouço o som da injustiça
ouço o som da injustiça
som da injustiça
som da
som
da injustiça
ouço o som
da
injustiça
eu ouço o som da injustiça.




*****



FOTOGRAMÁTICA (à media luz)



A língua alma
no espelho
é reza calma
em vermelho

Clichê neon
asa e som
estribo língua
no cheio.



*****



CLARIDEZ


Lá fora
a tarde estremece
anseio em prata.
Agora
mesmo feito sal
ouso olhar além
a querer mais.



*****


4 - DO SENTIDO EFÊMERO DAS FRONTEIRAS

O relógio martela
na sala
tatuado na parede.
Exibe sua lógica
língua sobre a pele
do tempo.
O relógio
emboscado na parede
é céu aberto
pupila dilatada
que me olha
por dentro.



*****


ABSTINÊNCIA


Da mulher jaguar, guardo garras do meu corpo.

Feridas sangram as causas da falta.

A ausência soa a dor.

Sirene, mandala,
sereia da mata,
estou sem ti.





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