Clareanna Santana nasceu em Eunápolis(Ba) e fixou residência em João Pessoa. É Cientista Social e mestre em Antropologia pela UFPB. É poeta e publicou o livro Artéria. Publica seus poemas em fanzines, e-zines e revistas literárias.
verboesia
eu,
primeira pessoa de mim.
pronome possessivo insubordinado.
sou do avesso, desenquadrado.
parei de falar gramaticalmente.
tu,
sujeito aposto intransigente
espera de mim o inesperado,
me acende fogo entre dentes,
poetiza-me domesticado.
eu,
produto desequilibrado
na soma de tu,
complemento inconsciente,
resulta num nós bem apertado
conjugando o verbo inconsequente.
ARBÍTRIO
palma de cinco traços
carne de ponta com fibra
caminhos de linhas tortas
golpeada pela vida.
eis a mão e os calos
torneadas de danos
pele, unha e cicatriz
minha força motriz,
meus caminhos mundanos.
sonho
desejo oculto
e censurado.
de tantos feitos,
poucos fatos.
desejo nato
ou falsificado?
faz-se sonho,
fato,
desejo
ou pecado?
tatuagem
em seu corpo
marcas de caminhos inexplorados
criaram nova linguagem
como texto marcando a pele
em hiperbólica mensagem
leitura em tato
terreno em braile.
ARQUITETURA
No fio elástico da minh’alma
que desenha a minha cura
Faz de mim a ideia farta
e de tu a essência pura.
Quando você, doce, for água
eu, extensiva, serei chuva.
Se sua visão é sagaz e clara
a minha é lenta, estranha e turva.
Sua vida, se é amarga
eu sou a própria amargura.
Mais complexo que seu fardo
é a minha arquitetura.
Mu/dança
Mudar o estilo,
mudar o status,
mudar de vez…
Mudar com a Lua.
Ficar nova,
minguante,
nua,
talvez.
À porta da frente
no começo do fim
existe uma porta
um início pra mim
no meio da aorta.
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