quarta-feira, 1 de março de 2023

 Clareanna Santana nasceu em Eunápolis(Ba) e fixou residência em João Pessoa. É Cientista Social e mestre em Antropologia pela UFPB. É poeta e publicou o livro Artéria. Publica seus poemas em fanzines, e-zines e revistas literárias.




 

 

verboesia

eu,
primeira pessoa de mim.
pronome possessivo insubordinado.
sou do avesso, desenquadrado.
parei de falar gramaticalmente.

tu,
sujeito aposto intransigente
espera de mim o inesperado,
me acende fogo entre dentes,
poetiza-me domesticado.

eu,
produto desequilibrado
na soma de tu,
complemento inconsciente,
resulta num nós bem apertado
conjugando o verbo inconsequente.





ARBÍTRIO

 

palma de cinco traços
carne de ponta com fibra

caminhos de linhas tortas
golpeada pela vida.
eis a mão e os calos
torneadas de danos
pele, unha e cicatriz
minha força motriz,
meus caminhos mundanos.

 

 

  

sonho

 

desejo oculto
e censurado.
de tantos feitos,
poucos fatos.
desejo nato
ou falsificado?

 

faz-se sonho,
fato,
desejo
ou pecado?

 

 

 

tatuagem

 

em seu corpo
marcas de caminhos inexplorados
criaram nova linguagem

como texto marcando a pele
em hiperbólica mensagem

leitura em tato
terreno em braile.

 

 

ARQUITETURA

 

No fio elástico da minh’alma
que desenha a minha cura

Faz de mim a ideia farta
e de tu a essência pura.

Quando você, doce, for água
eu, extensiva, serei chuva.
Se sua visão é sagaz e clara
a minha é lenta, estranha e turva.

Sua vida, se é amarga
eu sou a própria amargura.
Mais complexo que seu fardo
é a minha arquitetura.

 

 

 

Mu/dança

 

Mudar o estilo,
mudar o status,
mudar de vez…
Mudar com a Lua.
Ficar nova,
minguante,
nua,
talvez.

 

 

 

À porta da frente

 

no começo do fim
existe uma porta
um início pra mim
no meio da aorta.

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Envie poemas, minibio e foto para o e-mail lausiqueira@yahoo.com

Francc Neto

  Minha jornada como poeta começou na adolescência,  publicando poemas em revistas e jornais.  Ao longo dos anos, minha poesia foi reconheci...