terça-feira, 14 de março de 2023

Talden Farias

 Talden Farias é poeta paraibano, graduado em Direito pela UEPB, mestre em Ciências Jurídicas pela UFPB, doutor em Recursos Naturais pela UFCG e doutor em Direito pela UERJ (com distinção e louvor), tendo feito estágio de doutoramento sanduíche pela Universidade de Paris 1/Pantheón-Sorbonne (bolsa CAPES-COFECUB). Advogado e professor de Direito Ambiental da UFPE. Publicou o livro de poemas “Cemitério de Deuses”

 


 

 

o louco



não foi
dra. Nise
quem disse
que de gênio
e pouco
todo mundo
tem
um louco?

 

***

 

 

dra. Nise

 

a arte
cura
amar-te
cura

(não é à toa
que a palavra loucura
também abriga
                          a cura)

 

***

 

 

sintaxe

 

amar
e separar-se

dois verbos
a mesma sintaxe

 

 

***

 

 

rimbaud

 

nunca quis
escrever poema
algum

apenas pedi
socorro

- ou redijo


 

ou morro.

 

 

***

 

 

o que não tem nome



quando ouço
e vejo
           o mar

de algum modo
alcanço

o verbo amar

 

 

***

 

 

índio


por trás daquela mulher
belíssima
que dança e brilha
no salão
com o seu colar de diamantes

há sempre a sombra
de um índio
que já não pode dançar mais

 

***

 

 

floresta I

(para dom e bruno)

 

levaram os homens
que defendiam
os índios
que estavam
na floresta

depois
levaram os índios
que estavam
na floresta

e depois
levaram a floresta

(...)

mas o que
sobrará depois?

 


***

 


floresta II
(para dom e bruno)

 

levaram os homens
que defendiam
os índios
que estavam
na floresta

depois
levaram os índios
que defendiam
a floresta

e depois
levaram a floresta
que defendia os homens
que levaram os homens
que defendiam
os índios
que estavam
na floresta





* fonte: Correio das Artes

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