Eunice Boreal nasceu em João Pessoa, fez bacharelado em Filosofia na UFPB e tem formação técnica em Teatro e Cinema. É diretora de curtas, do longa Matrilocalidades e da série Riqueza Criativa. Sua poesia pode ser encontrada nas redes sociais e em revistas de literatura e arte.
Poiesis
Cantam os séculos e os segundos
A vida inteira nasce nesse momento
Nasce, canta, grita e se multiplica
É maior do que o umbigo de Ulisses
E está na menor partícula de água
Foi ela quem escreveu a Epopeia de Gilgamesh
E esteve com Cecília dentro do Mar absoluto
É a mata, a maré e a lua cheia.
É a bruxa sorrateira que cura, voa e encandeia
Ela é tudo o que ela quiser
Porque ela é
A mãe dos saberes e das vanguardas.
Croatas, críticos e crocodilos
Já tentaram defini-la
Como se fosse possível apreender o universo com a linguagem
Como se soubéssemos de algo
E mesmo quando sabemos
Algo
Nos escapa
É vida demais pra ter começo ou fim...
O melhor é tirar a roupa
Entrar no mar
E fazer uma canção.
Regência
A música que criou o mundo
Ecoa
Dentro de cada célula
E até aquela que está no outro
Corpo
Sente
Serpente
Equilátera
Fórmula exposta
Na sedução
De uma língua
Oculta
o Cinema não existe
mais
naquele prédio Antigo
eles Agora
Só cultuam
Deus
mas ainda vendem
o ingresso
pra quem quiser
entrar
No
Paraíso
Há uma floresta dentro de ti
Talvez a linguagem não nos limite
E tudo
Que seja
Miragem ou sentido
Apenas existe quando nos aproxima.
Talvez nada nos defina
Porque em movimento, nada temos.
O que somos ou o que inventamos
Se transforma com o caminho.
Já não chegamos, nem partimos
Vivemos um sentimento pós-tempo
E se agora também morrermos,
Lembremos
Enquanto há tempo
Do pensamento, do afeto e da liberdade.
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