Daniel Rodas é escritor e poeta. Natural de Teixeira-PB, atualmente reside em Campina Grande-PB. Graduado em Letras (UEPB). Editor da Revista Sucuru. Autor da plaquete Eros e Saturno (Editora Primata, 2021) e do livro Umbuama (Editora Urutau, 2021). Integrou as antologias Poesia fora do eixo (Toma Aí Um Poema, 2022) e Engenho Arretado: poesia paraibana do século XXI (Patuá, 2023). Pensa na poesia como um fluxo, como o fluir incontrolável da vida.
UMBUZEIRO
Sol
Carcaçando
desertos
O olhar
gelado
Da enxada
no pote
Na sombra
do galho
Descansando
na fronte
O menino
mirrado
Entre as
quedas do céu.
*
APÓS A
CHUVA
Narciso
Olhando no
espelho
Um sapinho
pulou
*
PAROLE
A voz
interrompe
o
silêncio
Suicídio
de
sombras.
*
COMPOSIÇÃO
Saio do
poema
como quem
vem da
enxurrada.
*
CRONOLOGIA
As horas
nos devoram como foices
Saturno: o
planeta enlouquecido
Ao som da
baraúna ao vento
Batinas de
cabelos em fogo
O céu: um
deus faminto
Comendo seus
filhos numa sopa de
pedras.
*
METÁFORAS
Um poeta
Precisa de metáforas
De pedras
Lançadas ao vento
(Que não sejam pedras
Nem sejam vento)
Sejam diásporas.
*
CHÃO
Tão suave
O chão
onde
Pisas
A carne
Artéria
Do
coração.
*
VELHICE
O
pasto de cabras sob o sol de setembro.
Galhos
retorcidos – como mãos de criança –
Adornam
as cores da paisagem.
Ao
sul, eco de rio.
No
céu, riscar de pássaros.
E
na cadeira de balanço – na varanda
Aos
pés do pé de coco –
Repousam
os dedos
As
mãos e os cabelos embranquecidos
Da
tenra árvore humana
Frondosa
de silêncios-véus.
(Do
livro Umbuama)
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