quinta-feira, 23 de março de 2023

Luana Pordeus

Luana Pordeus nasceu em João Pessoa(Pb) onde ainda vive. É advogada, pós-graduada em Direito Civil e Direito Processual Civil. O encanto da poesia começou com a música e estendeu-se pela literatura de um modo geral> Seus primeiros poemas são publicados nas redes sociais. Integra a antologia Horizonte mirado na lupa – cem poemas contemporâneos da Paraíba.





FUGI



para o Monte
sem espada
sem samurais

arrastei cerejeiras

orientei-me.




*****





  INFINITO



Tão generoso
que teve o cuidado de existir
sem ponto final

 

 

 

 

*****



Senti um suave puxão
Mais outro
Aliviei o peso
E então parei
Lança incessante
Arremete nossos rostos
Aquece e acelera
Volta a girar
Braços largados
Dois enluvados
Pendurados de novo
Arrasados de cansaço
Não havia saída
Daquela lenta dança
Travei-o na cintura
E agonizamos de paixão





*****

 

 

Toca
Um pequeno sino
Timo
No meio do corpo fechado
Pau a pique
Moradia dedicada
Doces, flores, óleo
À frente do ícone divino
Celeste energia
Oferta de si mesmo
Elo entre o sopro e a deidade
Oferenda protegida: Alma.

 

 

 

*****

 

 

 

Estações

vem o sol
vem o frio
folhas caem
um botão
e eu
a mesma correspondência:
te abraçar com a carne
molhada.




*****

 

 

Lodo


inútil vaso de flor
suficientemente limpo

vazio.




*****



Mensageiros


Chegando

por mil

nervos aferentes

Passando

DA PELE

              DO OLHO

                            DO OUVIDO

                                         DA LÍNGUA

PARA O CÉREBRO

Um caos esperando sentido.

 

 

 

 

*****

 

 

 

Capítulo de sexta...

Desceu a Rua de Matacavalos
sendo transportado
pelo grau louco do amor

A mente desesperada,
mente
delírios de um narrador

Sem um amigo
sem um ouvido
maltratado em romance

Entrou num bar
viu o diabrete sorrindo
com a graça dum defunto

Enfim, a suma
das sumas: não era água benta,
não tinha o dom e
estava de ressaca.

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