Eider Madeiros é potiguar de Mossoró e reside na Paraíba. Doutorando em Letras na UFPB, onde estuda Literatura Contemporânea. Publicou o livro de poemas Trinta & Três “Amos pluriúsculo no tribunal ôntico” na revista acadêmic0-literária Intransitiva (UFRJ).
Hubrística
Quero ser
antípoda da ponta
estar no chão do iceberg
a flutuar sob o peso da água dura
e não ser vista a não ser pelo nada
além da escuridão do fundo de um mar
que me sustenta enquanto veem
que nada o que veem, é o que lhes sustenta
Antropoceno
O que a casqueta metálica
me fez perder
sem as minhas cilindradas
a pé:
Um gato
a enterrar o mundo
em um terreno baldio
ENGRAÇADINHO
quem
vê esse pastichar risível
mal
sabe dos fados que arrulho
que
piam cansados do possível
em
costelas de estaladiço barulho
quem
as perscrutar ouve pedregulhos
escuta
ecos retinindo o impossível
tal
bocarra maior que um orgulho
que
ralha e se acha compreensível
quem
lê essas linhas acha crível
se
animar com grandes versalhadas
mas
se vem notar o gigante desnível
para
de apreciar seresma palhaçada
quem
vê esse poemeto já falhado
sabe
que fingir anda mais aprazível
são
os reflexos de um sorriso talhado
nova
desventura do [reb]oco admissível
HIDROFILIA
Faz
de minha boca, copo
Cópula
de meu corpo, bica
Chove
em mim sua preciosa água
(prata)
Rega
em porra o que de mim derrama
(pica)
É
PROIBIDO PROIBIR
A Caetano de Dona Canô &
Jacques de Dona Émilie Baudry
Come, jouissance!
Da tua foda, bem ma dá
Que gozo, e que gozo
Findo pouco me fodendo
Se fundo, se cuspo, se metendo
Se como quero, gozo, quero gozo
I’m coming, jouissance!
Nada de poda, de empatar foda
Cingir meus falos, nem castificar
Meus furos (mundos imundos)
Raízes, seivas e fundos
De toda foda, só ela sobra
Só ela dá
XOXOTAS
E PATÊS
Tombando
palavras ao vinho
Confissões
das mais diversas
As
expressões tintilam em talheres e copos
E o
saborear salgado de patês
Artificiais
frutos do mar
Traz
à mesa o gosto pela cunilíngua
Longa
escrita de surpresas
Fatiando
o que não se esperava
Bradando
os prazeres da xota
A
espalhar olhares esquadrinhados
Desde
o jugo do entendimento
Que
não importa gênero ou condição
Patês e xoxotas de bandeja
Se
abocanham na certeza
De
que lambuzar é a ordem
E
tomar gosto é o perigo
(A
certas línguas tolas, coitadas risadas...)
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