segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Amador Ribeiro Neto

 Amador Ribeiro Neto nasceu em Caconde-SP e reside em João Pessoa. É professor titular aposentado da UFPB, crítico de literatura e música popular. Participou da antologia. Na virada do século – poesia de invenção no Brasil. Publicou os livros Barrocidade e Poemail, entre outros.

 

 


 

 

augusto de campos

 

 

então é assim
é

 

ah
é
depois de falar tudo
de contar tudo
de relembrar tudo
pós-tudo
sobre
o teclado da internet


mudo




chico césar

 

 

corpos da noite
in rave cidade indantiga

(o) ga(s)to (o) rapa
carnes ó ovação

lança-confete
páginas do diáriorgia

festejos
a poesiafogaréudelíngua(s)

fogos
corpos
em casa brasa na boa de um fogão

 

 

 

 

 

 

 

mallarmé


nas
bibliotecas
estão todas as histórias       D              IT          0
nada de nada                     IN        FINIT             0




frederico barbosa


sem sono sem pedra sem poemallarmécampos

sem-sal
sem-céu

átimo sentido
nem

sem-sol
sem-sus

tenido haber
oswaldoído

sem-norte-cactusiano
nem que

zanzeiras enxaquecáguas
coleirizando amarelos

qual cabra
afiadas facas

sem-sei-o
sem-cio-de-si

carneviais
arrecifecem-se

qual
os quês-quereres




arribação


sampa paraíba samparaibano da gema
como
um ítalo-sertanejo que do bexiga desceu em

lagoa tapada atrás duns versos açuns dispersos grande
movimentos adonirançando malocas saudades
ah aquele cruzamento da canção
pode

 

 

 

 

pomba

 

 

cães são sempre cães vadios

mães são sempre mulheres santas de nossos pais

espírito santo

quase sempre é pomba

sempre funciona pomba

gira 

 

 

 

 

nogueira na missa do galo

será
tem de ser assim
um fazendo não
outro fazendo sim
será
outro fazendo não
um fazendo sim será
o Benedito
conceição


urbanidade

metrópole judaica bom retiro
bicho carne suína de pé do quarto crescente imundo
vida ordinária estendida no curtume
são nova paulo Iorque de cada internet

que vou te contar ô meu

 

 

falta água e falta

falta água e falta
água tens e não tens
os surfista de são miguel paulista quebram ondas
nos tetos dos trens
 

 

 

caconde

caconde não rima com onde
não rima com bonde ao rima com conde
não rima com esconde não rima com porra nenhuma

caconde é lá
atrás muito além daquela serra que ainda azula no horizonte


Judas perdeu onde

prefeito não instalou bonde
nunca viveu um conde

só saudade

per
turba


alceu valença

recife de repente baixou
madrugada

cavalinhos de flechas
bandeira bandeira bandeiras

um modo treno
um terno concreto

um
um a um

todos
voz

performáticos palavras & tambores & silêncios
máscaras animais

 

 

arnaldo antunes

páscoa periquito siamês cachorro banho tosado pêlo xuxado
tudo chocolate-pagode-axé
mesa posta
família em volta
tá na hora
da foto

& eu & eu & eu &  eu & eu & eu & eu
mutantes

ah como era sampa aquele som de garagem na Pompéia
baby




david byrne

as mãos da cigana tocam dedos no teclado da internet

um saco de soja na esquina
gatinhos
leblonzeados
no primeiro de janeiro

mininos na tevê
em apa epa ipa opa upa
neguinho
da porteira
da música brasileira
azaro geral mermâoxinho olha o sinal

 

 

 

 

 

 

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