Bartolomeu Pereira Lucena nasceu em Malta (PB) e reside em
Lagoa Nova (RN). É graduado em Filosofia pela UEPB e mestre em Filosofia pela
UFRN. Publicou os livros Ruas de Sal e outros poemas e Cadernos de planos e
voos.
Epitáfio
n° 1
Aqui jaz um homem
Que gostava de descer a rua
Se equilibrando no meio fio.
Nunca entendeu de Wall Street,
Mas no seu peito tocava uma orquestra de jazz.
A gente acha que põe
fim
Nas coisas
E elas continuam por aí
Zanzando
Até se transformarem em obeliscos,
Pedras de sal.
No fim tudo vira um conto
Dos irmãos Grimm.
Logo cedo um passarinho bicudo
Virá cantar,
Anunciando como uma sirene de usina
Que a vida daqui
Traz o compasso acelerado de esteira enfurecida.
Que custa caro ser homem.
Os meus cobertores,
Um pra cada noite,
Prepararão minhas manhãs.
Colisão
Joaquim pôs os olhos em Rita
E todas as coisas então dilaceradas recuaram mortas.
Queria ler Ledo Ivo com a mesma paixão que você
Criar minha própria língua
Só pra não ser entendido
Queria escrever um poema de trincar os ossos
De abalar a o mofo dessas manhãs
Mover uma palha
Mas nem sei sequer quando não é domingo
Se afinal me escutam
Se adianta correr
Só que quando você lê Ledo Ivo pra mim
Sei que posso um tanto mais
E no verso acariciado
Encaro a nudez dos dias mais duros.
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