Zilma Ferreira Pinto nasceu em Tacima-Pb. Poeta e professora não
apenas na sua terra natal, mas também em Alagoa Grande, Campina Grande,
Pocinhos, Cabedelo e João Pessoa onde reside atualmente. recebeu diversas
premiações regionais e nacionais. Licenciada em Hisória pela UFPB, integra os
quadros da Academia Paraibana de Poesia., da União Brasileira dos Trovadores,
da Associação Paraibana de Imprensa e do IPGH. Entre suas obras publicadas, destacamos Nas pegadas
de São Tomé, um estudo dos símbolos da pedra do Ingá: características judaicas,
cristãs e islâmicas das inscrições (Senado Federal, 1994), Os Ferreira de Tacima: paraibanos da fronteira e A saga dos cristãos-novos na Paraíba.
Minha
Cantiga
No castelo do Destino
Dividi-me
por igual.
Ficaram
duas meninas
No meio de
um roseiral.
Uma
bordando a ouro,
Outra o
mais fino metal.
Uma
transpôs a soleira
Que era a
porta pra o mar.
Tomou o
barco da vida,
Partiu sem
querer sonhar.
A outra
subiu à torre
Que ia dar
nas estrelas
No barco da
meia-lua
Foi para a
mais longe delas...
Um dia
encontro as meninas
Bem longe
do roseiral
Nelas havia
a tristeza
Dividida
por igual.
Nenhuma bordava a ouro,
Nem o mais fino metal.
Fui
escolher! Não sabia
Com qual
das duas ficar!?
Castelos já
não havia
E a torre
para sonhar.
Sem manto bordado a ouro;
Sem palmatória de rei!
Ai! Minhas pobres meninas
Qual de vós escolherei?!
*****
Rondó
Vem, meu belo navegante!
Vem ancorar no meu porto.
Faz renascer exultante
Um coração que está morto.
Faz-me
outra vez radiante
Este olhar
hoje absorto
À espera de
um barco errante
De onde me
vem o conforto.
Dos oceanos
que viste
Traz-me a
cantiga que existe
No arrojo
de cada onda.
Traz as
canções que ouviste
E faz
o meu riso triste
O sorriso
de Gioconda.
*****
Mulher
Perguntas-me
quem sou? Sou a beleza.
Sou a forma
ideal da natureza.
Da razão
sou a luz.
Sou o porto
onde o náufrago descansa.
Sou Pandora
guardando a esperança.
Sou a
Virgem chorando ao pé da cruz.
Sou a Ciência - o livro que ensina
Sou a lâmpada que os lares ilumina
E a flor dos gineceus.
Sou o seio nutriz gerando a vida
E a mais pura criação das mãos de Deus.
Sou
acalanto, a mão que embala o berço.
Sou a mais
lírica expressão de um verso...
Sou Aspásia
e Éster...
Sou mistério
nas coisas mais secretas...
Sou a
musa de todos os poetas!
Sou deusa.
Sou encanto. Sou Mulher!
*****
A canção de uma dama que espera
Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar.
O seu
cavalo é mais branco do que as nuvens mais brancas,
Seu
capacete do oiro mais precioso da terra.
A sua espada reluz como chorões de prata
Ela conduz à Ordem e edifica o Progresso
O meu cavaleiro tem o olhar da águia
E galopa como vento.
Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar.
Seu brado
tem a ressonância de muitos gritos de guerra
O meu
cavaleiro é como o leão quando parte pra luta;
Tem o saber
das corujas
E o coração
do poeta.
Conduz o
Auriverde na ponta de sua lança!...
Ai! quando
o meu cavaleiro chegar!...
Ele me
guardará os meus afamados tesouros;
Achará o
pão dos meus filhos
E bem estar
para todos.
Dobrará a injustiça.
Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar...
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