terça-feira, 4 de abril de 2023

Zilma Ferreira Pinto

 

Zilma Ferreira Pinto nasceu em Tacima-Pb. Poeta e professora não apenas na sua terra natal, mas também em Alagoa Grande, Campina Grande, Pocinhos, Cabedelo e João Pessoa onde reside atualmente. recebeu diversas premiações regionais e nacionais. Licenciada em Hisória pela UFPB, integra os quadros da Academia Paraibana de Poesia., da União Brasileira dos Trovadores, da Associação Paraibana de Imprensa  e do IPGHEntre suas obras publicadas, destacamos Nas pegadas de São Tomé, um estudo dos símbolos da pedra do Ingá: características judaicas, cristãs e islâmicas das inscrições (Senado Federal, 1994), Os Ferreira de Tacima: paraibanos da fronteira e A saga dos cristãos-novos na Paraíba.




 

Minha Cantiga  


No castelo do Destino
Dividi-me por igual.
Ficaram duas meninas
No meio de um roseiral.

Uma bordando a ouro,
Outra o mais fino metal.

Uma transpôs a soleira
Que era a porta pra o mar.
Tomou o barco da vida,
Partiu sem querer sonhar.

A outra subiu à torre
Que ia dar nas estrelas
No barco da meia-lua
Foi para a mais longe delas...

Um dia encontro as meninas
Bem longe do roseiral
Nelas havia a tristeza
Dividida por igual.

Nenhuma bordava a ouro,
Nem o mais fino metal.

Fui escolher! Não sabia
Com qual das duas ficar!?
Castelos já não havia
E a torre para sonhar.

Sem manto bordado a ouro;
Sem palmatória de rei!
Ai! Minhas pobres meninas
Qual de vós escolherei?!

 



***** 



 

Rondó 


Vem, meu belo navegante!
Vem ancorar no meu porto.
Faz renascer exultante
Um coração que está morto.

Faz-me outra vez radiante
Este olhar hoje absorto
À espera de um barco errante
De onde me vem o conforto.

Dos oceanos que viste
Traz-me a cantiga que existe
No arrojo de cada onda.

Traz as canções que ouviste
E faz o meu riso triste
O sorriso de Gioconda.

 



*****

 


Mulher 


Perguntas-me quem sou? Sou a beleza.
Sou a forma ideal da natureza.
Da razão sou a luz.
Sou o porto onde o náufrago descansa.
Sou Pandora guardando a esperança.
Sou a Virgem chorando ao pé da cruz.

Sou a Ciência - o livro que ensina
Sou a lâmpada que os lares ilumina
E a flor dos gineceus.

Mas, acima do que sou enaltecida,
Sou o seio nutriz gerando a vida
E a mais pura criação das mãos de Deus.

Sou acalanto, a mão que embala o berço.
Sou a mais lírica expressão de um verso...
Sou Aspásia e Éster...
Sou mistério nas coisas mais secretas...
Sou a musa de todos os poetas!
Sou deusa. Sou encanto. Sou Mulher!

 




*****  




 A canção de uma dama que espera 


Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar.

O seu cavalo é mais branco do que as nuvens mais brancas,
Seu capacete do oiro mais precioso da terra.

Ele está vestido de azul!...
A sua espada reluz como chorões de prata
Ela conduz à Ordem e edifica o Progresso
O meu cavaleiro tem o olhar da águia
E galopa como vento.

Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar.

Seu brado tem a ressonância de muitos gritos de guerra
O meu cavaleiro é como o leão quando parte pra luta;
Tem o saber das corujas
E o coração do poeta.
Conduz o Auriverde na ponta de sua lança!...

Ai! quando o meu cavaleiro chegar!...
Ele me guardará os meus afamados tesouros;
Achará o pão dos meus filhos
E bem estar para todos.
Dobrará a injustiça.

Eu vou assentar-me à porta
Ver meu cavaleiro chegar...


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