Maria de Lourdes Ramalho (1925-2019) nsceu em Jardim do Seridó e viveu em Campina Grande. Possui uma vasta obra dramatúrgica entre elas destacamos "As velhas". Publicou o livro de poemas Flor de Cactus".
NO
ALTO DA BORBOREMA
Campina Grade — passagem
Ida e volta de tropeiro...
A tropa, em passo ligeiro
no vai-e-vem da viagem
Vem trazendo na bagagem
um sentimento crendeiro,
Medieval, romanceiro
de antiga e saudosa imagem...
Um mundo sobrevivente
de arcaico rabequeiro,
que no cantar violeiro
ainda hoje se faz presente.
Campina da cantoria,
da louvação transbordante,
da poética marcante
Que a tradição irradia...
Campina Grande, bonita
Campina cosmopolita
de festas, de carnavais
Os que chegam, de passagem
desfazem sua bagagem
não te deixam nunca mais.
*****
[seleção
de poemas...]
3 — Apres.
Fui professor da menina,
ensinei
do A pra trás,
intelejumenta
e ladina
parecia
o satanás,
dançava
com as pernas finas
um
passo adiante, outro atrás!
6 – Jud.
Namorei com dois tenentes,
com
três capitães me atraso,
com
seis major — fui em frente,
com
nove cabos me arraso,
me
abandonaram e eu somente
fiquei
com um soldado raso...
20 – Apres.
Uns, ganiam, se mordendo
—
"ela é minha e eu sou dela"!
—
"Se tas quente eu tou fervendo"
—
"Meu coração por ti gela!"
—
"Caso contigo, correndo,
não
importa véu nem capela"!
40 – Jud.
Pode pinto ser doutor,
e
galinha deputada,
cachorro
comendador,
pata
choca advogada,
satanás
seu meu senhor
—Não
volta a Serra Pelada!
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