Maria da Soledade Leite nasceu em Alagoa Grande-Pb onde ainda vive. Poeta, repentista e cordelista. Publicou os cordeis "Dois corações que se amam", "Milagre de Santo Antônio", "A morte de margarida". Este último em homenagem a amiga e companheira de lutas Margarida Maria Alves, liderança campesina assassinada em 1983. Gravou quatro CDs e publicou o livro "Minha história em poesia".
O poeta cantador
Ainda sente nostalgia
Porque nossa cantoria
Não tem um total valor
O mundo superior
Não sabe o que é repente
Se ficar na nossa frente
Não liga nossa cultura
Precisamos cobertura
Pra esta arte da gente
Vivemos de improviso
cantndo ao som da viola
feita de madeira e cola
Mas no momento preciso
Na mesma mando um aviso
rancado no verso quente
Do cantador de repente
A arte não tá segura
precisamos cobertura
Pra esta arte da gente
O cantador do nordeste
Começa na mocidade
Depois que chega a idade
A túnica triste veste
Vai sofrer que só a peste
Cansado velho e doente
O que lhe resta somente
É comer farinha pura
Precisamos cobertura
Pra esta arte da gente
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Ser mulher
Ser mulher é ver a imensidão
O amor a paz o carinho
O aconchego?
A ternura a luz o caminho
É o sossego?
É a brisa que vem nos envolvendo
É o sol que vem nos aquecendo
É a fome é o choro
O desemprego?
Não!
Mulher é fonte da vida
É o ser que acalenta o amor
É a palavra mais doce e querida
É a luz que tem mais esplendor.
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A raiz da violência/ Precisa
ser destruída
Maria da Soledade
Pede a Deus onipotente
Proteção pra essa gente
Que vive sem liberdade
Para quem só faz maldade
Pede que Deus em seguida
O faça mudar de vida
Dê-lhe outra consciência
A raiz da violência
Precisa ser destruída
É preciso ter amor
Se precisa de união
Para que a nossa nação
finde esse quadro de dor
Este povo sofredor
Que vive perdendo a vida
È por causa da comida
De terra de resistência
A raiz da violência
Precisa ser destruída.
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Tanta terra perdida sem
semente/ Tanta gente sem terra
para plantar
Tanta terra está abandonada
Tanta gente sentindo precisão
Sem plantar a banana e o feijão
E o rico calado não diz nada
A mesa do pobre está pelada
E o dono não pode melhorar
Nao tem terra pra nela trabalhar
De tristeza a pobreza está doente
Tanta terra perdida sem semente
Tanta gente sem terra pra plantar
Tanta gente de fome está morrendo
Sem saúde sem casa sem estudo
Mas o rico avarento tem de tudo
Não ajuda ao irmão que está sofrendo
Mas por isso o Brasil está perdendo
E a perda irá multiplicar
Se o quadro da Pátria não mudar
Nosso povo não é independente
Tanta terra perdida sem semente
tanta gente sem terra para plantar
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