segunda-feira, 24 de abril de 2023

José Leite Guerra

José Leite Guerra nasceu em João Pessoa-Pb, onde ainda vive. Escritor, poeta e cronista paraibano. Suas publicações literárias estão difundidas em diversas antologias, suplementos e revistas. Em 2014 participou do Congresso Brasileiro de Poesia em Bento Gonçalves RS. Constando alguns de seus poemas da antologia  “Poesia do Brasil”.


álbum de fotografias

álbum de fotografias
eterniza dias até que traças roem os traços de cada face lugares, poses invasão fatal destrutiva, inglória não mede distância pra destruir memórias em amados postais instantâneas histórias. *****
poema da busca

além da noite nublada
existe um sol à espera
além do quase nada
existe a vida inteira
além dos lábios cerrados
existe o sorriso guardado
para abrir-se em pétalas
com as cores do arco-íris
além da palavra torta
escrita em traços rudes
a lição de mais um dia
descrito entre lacunas
existe em verso ou prosa
felizes riscos de ternura
lavrados e à procura
de levar a mais ardorosa
mensagem a quem escuta
vozes em sons de sinos
despertando para a luta
trazendo festa aos meninos
ou a pessoas adultas
além do corpo e da alma
existem cicios de calma
e adocicadas frutas
além da triste penumbra
o palpitar de luz forte
a ferir alguma tumba
e fazê-la senda suporte
para caminhos retos
e palmilhares e tetos
abrigos para os imersos
em mares sem sul e norte
além de todos os dias
existem mil utopias
a serem descobertas
por horizontes cobertas
além de algum desalento
sopra um silvo de vento
que traz sinais de alerta
para o nascer de outras vias. *****
canoa morta

assusta-me a lufada do vento sibilante
idioma enfurecido de temporal
soa como trombone retumbante
no tímpano de anoitecer em sombras
coqueiros vergam seus mastros
cingidos em âncoras de raízes
dão-se por perdidos e rastros,
sobras e sombras em deslizes
gasta de mares e fortes ventos
repousa a canoa morta, desolada
no cemitério da praia sem alento
e para completar o fim do dia
lufadas cantam com forte acento
embaraçada e vaga sinfonia. *****
Sexta da Paixão


Hoje é dia de guarda
Os santos tristes
Aguardam o raiar
Do domingo de liberdade
Calados em seus nichos
Ficam petrificados e quietos
E se lhes move a penitência
Feita em estações e vias
Sacras, misereres para apagar
Pecados dos que ainda vivem
Se movendo neste corrupto
Mundo de humanos teimosos
O sangue jorra em templos
E hóstias se corporificam
Em salvadores meios
De ganhar a sã Fortaleza
No chão da igreja penumbrosa
Um homem chora de fome
Não tem o santo interesse
De seguir a procissão
Que segue em busca do pão
Dos anjos, o salvador alento
Para os sofridos de corpo e alma
Que a fé aponta verdadeiro
Ninguém o olha, nem quer saber
Que o desconhecido emite
Uma luz resguardada, oculta
Em seu perfil humano-divino. *****
um livro aberto

um livro aberto
descoberto
é continente
antes que lido
depois a lente
mais potente
cristal polido
um livro aberto
oferecido
a que devassem
suas entranhas
folhas floresta
onde as plantas
são palavras
tingido encanto
a quem se atreve
de invasor
ao que se escreve
ao que se diz
um livro aberto
em nobre sina
nunca se esquece
do que ensina
um livro aberto
é uma mina...

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