Marcus Vinícius de Andrade nasceu em Recife e fez seus primeiros estudos de música com os maestros Arlindo Teixeira, Pedro Santos e com o pianista Gerardo Parente. Compositor, maestro, arranjador e Presidente da Associação de Músicos, Arranjadores e Regentes (AMAR-SOMBRÁS), sociedade de gestão coletiva de direitos autorais musicais que integra o ECAD. Foi membro do extinto Conselho Nacional de Direito Autoral (CNDA), que pertencia ao Ministério da Cultura. É um profundo conhecedor da matéria autoral, sendo um dos nomes mais respeitados de nosso país. Nesta entrevista, analisa questões que estão na ordem do dia. Paralelamente ao trabalho musical, integrou o Grupo Sanhauá lançando por esse grupo dois livros de poemas, "Poema Quase Canto e "Cinco Tempos do Olho".
o rádio de pilha disposto sobre a mesa
- concentra
mais que a comida do espírito
- condensa
mais a palavra que o grito
- enfrenta
mais o gemer que o gemido
- alenta
mais que um simples estar perdido
e se aleita
no seu próprio
u m b i g o...
o rádio de pilha disposto sobre a mesa
se perde conforme os seus sentidos
(antenas
ou então
ruídos)
captando e se embabelando: sons
sendo o que é
tendo sido
outrora nada mais além
nada mais sem
um sim sem mais também
- s i m p l e s f e i x e d e g r i t o s.
o rádio de pilha disposto sobre a mesa
está muito além de mim:
eu mesmo que
meço/avalio
o fato simples dele estar vivo;
eu mesmo que
com uma pancada
posso descontrolá-lo de seus fios;
mas eleme pega
e em estar pegando-me
cala-me com seu coração frio.
o medo escorreu por entre os olhos
e chegou até os lábios do menino:
com um xarope amargo então, que ele
provasse (uma careta!) sem nenhum efeito.
e daí para mil noites sem sono
de fantasmais sonhos, abismo colorido
e seus bichos de memória deslizando
nas visões frescas de tevemaníaco
foi um pulo: um só apenas
o suor esquecido e descarnado
o seu olhos de infante, avessamente...
nele jazia um pássaro tombado:
o medo - que ali se alimentava
na sala escura com a tevê na frente...
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