Bruno Gaudêncio nasceu em Campina Grande-Pb onde ainda vive. Escritor, historiador e professor. Formado em Jornalismo e História pela UEPB, mestre em História pela UFCG e doutor em história social pela USP. Publicou diversos livros, entre coletâneas de contos, antologias, ensaios e roteiros biográficos em quadrinhos. Entre seus livros publicados destacamos O Ofício de Engordar Sombras, Acaso Caos, O Silêncio Branco, A cicatriz que canta o incêndio da raiz, entre outros.
Tempo de fraturas
para Alcides Neves
São tantas sementes nas flores pisadas
o sangue enterrado no caule incomum
A foice assevera as folhas manchadas
rompeu mais um corpo que acolhe a raiz
O tempo que colhe os ossos quebrados
ouvindo os estalos dos braços com medos
Temer o futuro dos pobres quintais
marcados por exílios contados nos dedos
*****
O antimanifesto
o bom senso morreu
afogado nas lágrimas
dos humilhados
*****
Mobília
estante perdida
no instanteterno
livro escondido
no quartointeiro
todas as ilhas
dentro da casausente
*****
O antipecado
Reescrever a Bíblia
com as unhas sujas de medo
(a cárie das palavras
presa ao silêncio de tártaro)
o início foi o verbo
(o fim, a gênese da culpa)
*****
Rota
Os caminhos tardam
mas não travam
um Caim que acalma e cai
no atravessar das trevas
curso das dúvidas -
atalhos de um túnel
- à tarde
Nenhum comentário:
Postar um comentário