sexta-feira, 14 de abril de 2023

Piedade Farias

Maria da Piedade Farias nasceu em Campina Grande-Pb e reside em João Pessoa-Pb. Cursou Arquitetura e Urbanismo na UFPB e especializou-se em Restauração de Bens Culturais pela UFMG. Gosta de escrever e pintar. É integrante do Coletivo Cultural Anayde Beiriz. Publica seus poemas em revistas e coletâneas. É autora do livro "Arco-Íris de Alfenim".


Meio-dia

As folhas entrelaçadas,
Pintadas com verde denso,
não fazem sombra nos caminhos.

Pra onde foram os passarinhos?

Não se escuta nenhum estalo
de galhos soltos ao vento
e lagartixas em sobressalto.

Faz mormaço.

Só o coro das cigarras
corta o silêncio pesado.




*****




Tarde

Fiozinho de águas claras
nasce bem escondidinho
entre pedras cinza e cáqui.
Pedras toscas sobre a terra
fustigada pela tarde.
Avançam, terra e hera
por sobreo muro antigo,
e em seus trajetos passeiam
pelos fios estendidos,
indiferentes às flores.

Sobre as nuvens o arco-íris
presenteia o céu
com um diadema de cores.




*****




Manhã


Passarinho bebeu a água doce do rio
onde a libélula pairava.

Nas margens úmidas
moram árvores debruçadas.

As águas, no dia claro,
recebem a reverência
das suas copas inclinadas.
Formiguinha ribeirinha,
trabalha duro, trabalha,
se junta às outras, são tantas
Enfileiradas
em suas longas caminhadas.

Voltam, depois carregadas
com partezinhas de folhas
tão pesadas.




*****




Meninos de Princesa

Menino chegou primeiro
de bandeira na mão.

Menino vinha com jeito
de quem traz, desconfiado,
todo plano armado
no seu olho de vilão.

Depois veio outro menino,
quietinho, no seu caixão,
passou aqui, rua acima,
levado pelas meninas
com suas flores na mão.

Menino trouxe ligeiro
o peso do tabuleiro,
olho cheio de expressão.
Falou mansinho
bem assim:
- Que comprar um alfenim?

Outro vindo, não sei de onde
me pede um "trocadim".




*****




Melodias e piruetas

Cantam todas as rolinhas,
Anu preto, Bem-te-vi.
Cantam os galos de campina,
Cantar sempre foi sua sina
Dos que são os donos da festa
Ao dia que vai surgir.

Cantam para o azul do céu,
Cantam ao verde da mata
E ao dourado do sol;
Cantam para a esperança,
Para todas as crianças,
Cantam para o arrebol.

Logo um grupo de meninos
Entra correndo na mata
E abafa este cantar.
Mas, entre todos, um somente,
Que é poeta e não sabe,
Cala e se põe a escutar.



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