terça-feira, 11 de abril de 2023

Liana de Barros Mesquita

Liana de Barros Mesquita nasceu em 1935 em João Pessoa. Fez seus primeiro estudos na capital paraibana, passando depois a residir em Recife.  Escreveu seus primeiros poemas em 1956, tendo-os conservado inéditos até a publicação da antologia Geração 59. Cursou Arquitetura na Escola de Belas-Artes da Universidade do Recife.
(antologia Geração de 59, organizada por Vanildo Brito)


(não enconramos foto da poeta)

Poema nº 1


Oh! a mudez das ruas sozinhas,
Nas noites sem lua!
Ah! o presságio do dia
Nesta minha agonia!

Eu quisera sentir,
Quando chegasse o fim,
Deixar meu olhar florir
E se escapar de mim!




*****




Poema nº 2

No corredor da memória
Fluem sombras,
tremulam luzes,
E os dedos dos mortos
Acenam nas franjas
Das cortinas que dançam
A minha infância

Lá, brincam sonhos incertos;
E em busca de alguém que não houve,
Corre a minha sombra criança.




*****



Poema nº 3

A minha lua é inocente e mansa, e me vem às mãos.
A minha lua clareia a casa escura em nódoas brancas
                                                              [pelo chão.
A minha lua foge toda a noite dos meus olhos por-
                              [ que neles ainda não há solidão.

Mas a minha alma vive a perseguir a lua
E eu creio nela que é boa e pura;
Que é pupila imensa do meu deus vazio.



*****



Poema n° 4

Um luar se fez eterno nos meus olhos;
Compreendi o quanto é macia a sombra das coisas;
E quis beijar as almas fugidias, desfolhadas que
                                 [saem no perfume das flores.

E o meu maior credo é a transfiguração crepuscular.

Vivo sedenta de lua, de flores e de estrelas,
Porque creio na ternura das coisas simples
E na mansidão das sombras dos faróis.




*****




Poema nº 5

Uma estrela chorou tristezas sobre o mar.
Depois, recolhendo tanta mágoa,
Faz uma rede de lágrimas
Para pescar
O luar.
Ah! estrela poderosa, que invejas o luar.

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