os numes memoráveis não
merecem mercês
nem devem ser descritos ou
ditos como seres
em textos-totens-tumbas e
templos hominais
senão não seriam os sons
iconoclastas
na memória oral sem horas
nem orações
de intemplários ateus sem
alianças nem atas
os agoureiros guizos e
guerreiros gurus
do que na mente se sente se
não cego e surdo
mas os réus ruminantes e
rapazes decrépitos
sem poderem deveras pelo
darma depor
a respeito do rei e do reino
irreal
com ordálio e navalha a
necrosar os nervos
lhes descrevem ocamente com
ordinários ornatos
sem cientifico aval nem
analítica anuência
senão não seriam os
serviçais fiéis
das mansões castrofóbicas
que são caiadas com a cal
das religiões todas de todos
os turíbulos
as santas religiões das
regiões mais remotas
de legiões de ingênuos sem
intelectual higiene
de bandos de bandidos e
bandalhos desfraldados
que empunham a bandeira da
bestial besteira
de apertadas leis e longas
ladainhas
de sacrifícios sonsos e
soçobrados castigos
pros cegos que não sabem a
situação do seu umbigo
com a enguiçante preguiça de
procurar a prova
pela gaiata ciência que só
sonha com certezas
e duvida da verdade que da
vida e vício
a todos e a tudo que é torto
e morto
os homens vida deram ao
darma duvidoso
ao desenharem distraídos os
deuses foderosos
da saudade dos defuntos que
desde a diluvial
são ios idolatrados em
ícones e eidolons
do que é de alma ancião e
achacado de corpo
eles criaram quimeras e
cristos monstruosos
pra se louvarem deuses das
doenças de doutrinas
a ser criadores-criaturas de
caricatas feras
e os danosos deuses sem
dados pra jogar
das doentias danações que
dançam nos altares
simplórias criações do
cricrido sem crítica
das sandices das gentes sem
gênio nos seus genes
pelo parvo pavor de
primitivo medo
de serem subitamente por
sábios deletados
inventaram o trabalho duma
tripla tortura
paliativo terapêutico pra
trapos e pra tropas
de homens sem impenitentes e
idílicos ideais
de sensitivos sonsos sem
sentidos apurados
de cabisbaixos criados sem
cabisaltos nervos
de ressentidos cérebros de
sombras saturados
EVANGELHO DE DIÓGENES
1
como a maioria pensa no
princípio era
a palavra de deus seu filho
unigênito
mas poucos conhecem o
incalculável prêmio
que eu agora apóstolo
apresento a fera
Diógenes o quínico o
original gênio
o cristo nazireu o nous e a
monera
o nômeno o pneuma e o ai
quem dera
fosse eu e é pois Zeus é seu
gêmeo
e se fez sangue-carne no
mundo e o mundo
não no conheceu mas do céu
do qual sou vaso
de volts positivistas e
negando os prazos
em mim há a volta revolta do
iracundo
desconhecido contra o
conhecido raso
que se rebaixa ao baixo
porém alto e profundo
de iluminista índole e
indolente vagabundo
em mim se insurge ressurge o
vinho-ázimo
2
há dois mil quatrocentos e
vinte e seis anos
no solstício de inverno o
anti-herói nascia
na cidade de Sínope atual
Turquia
Anatólia pra seus fundadores
jônios
na região ao sul do Mar
Negro que soia
ser dita Paflagónia por
helenos colonos
os quais lhe deram nomes
numes e tronos
escrita arte ciência e
cidadania
onde se fez um porto e a
moeda floresceu
pra modificar a moda por nadas
a partir do nada criador e a
revirada
e independente utopia se deu
sob bênção do sincrético
Serápis sem parada
no tempo será pior no templo
Serapeum
seu nome Diógenes (nascido
de Zeus)
voyeur da declínio dos
medrosos de espada
3
o filho da mãe dona de casa
Olimpiade
da qual só se sabe por
analogia
que não era donzela antes do
messias
estar concebido via
sexualidade
e do pai Iquésios cultor da
mais-valia
proprietário de banco grande
autoridade
do qual não se confirma a
paternidade
nem se sabe nada da
genealogia
Diógenes nasceu normal sem
nenhum culto
de reis pra visitá-lo vindos
do Industão
e cutelo real pra matá-lo
aos dois não
ou evasão pitagórica ao
egípcio oculto
pra aos doze já ser douto somente
senão
pra falar uma nova língua
quando adulto
trigo em meio ao joio com
seu fermento bruto
a extrapolar contra a
tradição
Nenhum comentário:
Postar um comentário