Edônio Alves nascimento nasceu em Solânea-Pb e reside em João Pessoa. É poeta, jornalista e professor do Curso de Comunicação da UFPB e Doutor em Literatura Comparada pela UFRN. Publicou diversos livros de poemas, entre eles "Essa doce alquimia", "Os amantes de Orfeu" e "O desconcerto das coisas".
DECLARAÇÃO
Gosto dos odores vários
dos teus amores, minha ninfa.
E da lúbrica des(h)armonia dos teus humores.
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ALMA NARCÍSICA
Há poesia
num espelho sim;
Basta que o olhar
pousado nele
seja de mistério.
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RESIGNAÇÃO
No invento intermitente
em que eu existo,
Vou render-me aos suaves
desígnios do sol.
Eis que me rendo.
Porque a vida,
Amigo,
É misteriosamente maior
(e a leveza ubíqua
dos seus raios).
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INTUITUS PERSONAE
Carrego dentro de mim mesmo
um ambiente esconso
em que, nele restrito, assomo vasto.
Ambiente em cuja geografia mínima:
um compêndio de dores e de estalos,
misturam-se, mútuos, e a um só tempo,
o termo do claro no termo do escuro;
o ter o carma de um ser estranho
no mesmo thalma de ser obtuso.
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CONCLUSÃO
Há o poeta do momento
Há o poeta do dia
Há o poeta da noite
Há o poeta da semana
Há o poeta do mês
Há o poeta dos três:
O poeta do ano
O poeta do século
O poeta do milênio.
Mas, sobretudo,
Há o poeta do tempo.
Do tempo que se esvai
O poeta do poderoso tempo:
Do tempo do nunca mais.
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