Luciana Queiroz nasceu em Campina Grande-Pb. É mestra em Letras, poeta e professora de Literatura. Começou na escrita literária depois de adulta e publicou o livro "Nua sob escamas".
Poetas que nasceram, viveram ou vivem na Paraíba - do Cordel ao Neobarroco. Contatos: lausiqueira@gmail.com
sexta-feira, 31 de março de 2023
Luciana Queiroz
George Ardiles
George Ardilles é baiano de Bom
Jesus da Lapa. Passou a infância em Aracaju-SE e fincou morada em João Pessoa
ainda na pré-adolescência. Foi nesta capital que começou a ter contato com a
literatura, particularmente a poesia, e começou a escrever seus primeiros
versos. É formado em Ciências Sociais pela UFPB e atualmente reside em Patos,
sertão da Paraíba. Publicou poemas em Antologias da
Câmara Brasileira de Jovens Escritores, participou como um dos selecionados do
V Prêmio Literário Canon de Poesias 2012 e da II Coletânea Poesia de Quarta
promovida pelo IFPB. É autor de Poemas de Meio-fio, livro de estreia publicado
em 2009 e Externo lançado em 2021.
mas amanheço
suavizo os dias
em tudo que trago
levo na alma
tudo que foi amargo
solto na fumaça
tudo que desconheço
*****
todos seus encantos
me ilumina
justo
pelos
cantos
*****
passageiro
além
és companhia
ontem fui
solidão
no tastro do asfalto
quebrou o silêncio
*****
NOSTALGIA
Chora flauta da alegria.
Sacia a fome da saudade.
Sorria com as casas dançando,
abraçando as amizades.
Se pequena sua poesia-sorriso...
Momento de felicidade.
daVi gaLon
Mélchior Sezefredo Machado, paulista de Campinas-SP, domiciliado em João Pessoa-PB, formado em Jornalismo e Direito, e também pós-graduado em Direito Administrativo e Gestão Pública. Participou do livro "A nova literatura brasileira - 1983", editado pela Shogun Arte e Editora e é autor dos livros "Alcoologia da Libertação", editado pela Sonda Editora, em 1985, Frente e Verso, publicado pela Editora Raízes em 2013, Escombros, publicado em 2015, e 60 Sonetos e 30 motes Soneteados, publicado em 2019, ambos com o selo da Gráfica do Jornal o Desafio, todos de poesias. Tem participação em vários outros livros de antologia poética e possui muitas centenas de poemas veiculados em várias páginas da internet. Escreve sob o pseudônimo de daVi gaLon.
Eu quero viver na obscuridade,
*****
Na minha sala de estar
*****
*****
Na juventude eu sonhava,
Se eu te amasse bem mais do que te amo,
*****
Vá com calma, consciência,
Peryllo Doliveira
Severino Peryllo Doliveira (1898-1930) nasceu em Cacimba de
Dentro-Pb (na época distrito de Araruna-Pb). Foi poeta, ator e jornalista. Um dos pousos poetas paraibanos da sua geração a ter destaque nacional. Como ator, trabalhou em diversas companhias, viajando o país inteiro. Publicava seus
poemas na revista Nova Era. Publicou “Canções que a vida me ensinou”, “Caminho
cheio de Sol” e outros livros. Trabalhou na Secretaria Geral do Governo na gestão de João Suassuna.
Morreu de tuberculose sem ter concluído o que seria seu próximo livro.
ESCUDO
Perante olhos estranhos não desnudes
a tua alma - se tns uma alma honesta -
nem pagues com submissas atitudes
os loiros que o teu mérito requesta.
Aos que te exalçam gestos e virtudes
louvando a tua vida assaz modesta,
ri, apenas, fazendo que tu te iludes
e ocultando-lhes tudo que te resta.
Se a Glória te coroar a fronte insigne,
deixa que a turba em frêmitos, se digne
de te aclamar porém nunca te esqueças
que, se o Ideal por que triunfas for previsto,
esse enorme dragçao de mil cabeças
Pode fazer de ti um novo Cristo...
*****
QUEIXA
A árvore disse:
- Sofro, sofro até nos meus galhos mais altos.
Atiram-me pedradas, pedradas.
E tiram do meu tronco o sangue verde de minha seiva.
E pensar que soiu boa...
E pensar que dou sombra...
mesmo sentindo a dor dos meus galhos quebrados
sob uma chuva de pedras brutas...
E eu lhe perguntei:
- Árvore, por que tiveste a divina vaidade
de dar sombra de de dar frutos?...
*****
PROGRESSO
Cidade velha do interior.
Somente duas vezes por semana
passa pela rua principal
um automóvel barulhento
arrepiando a quietude habitual
dos dias sertanejos cheios de sol.
E apressadas sorridentes
alisando com as mãos os cabelos despenteados
aparecem nas janelas silenciosas
duas ou três mocinhas curiosas
que querem ver quem vai dentro do Ford.
*****
POLÍTICA
Lá vem o novo sol! Tudo desperta
sob o esplendor republicano,
sob o sorriso democrático do dia.
Que entusiasmo! que alegria!
Em cada fronde há uma banda musical
organizada pelos pássaros em festa.
Um papagaio, da cumieira de um telhado,
com ares de tribuno idealista,
faz um longo discurso decorado.
Cada coqueiro tem no alto
um feixe de bandeiras verdes desfraldadas.
E as árvores perfilam-se
como soldados silenciosos
em longas alas disciplinadas.
E os galos bradam num grande grito aclamatório:
- Viva o dia que nasce! Viva! Vivôooo-ôooo!
Sobre todas as coisas paira
uma imensa esperança comovida...
Um asno tenta em vão por em destaque
os seus beos talentos oratórios...
Em vão, porque todos o aplaudem sem ouvi-lo.
E a grande festa continua.
Entretanto, mais tarde,
quando o sol já cansado
se abismar no ostracismo do poente,
todos os grilos e batráquios,
à luz incerta do crepúsculo,
sairão das bibocas e dos charcos
para vaiá-lo impiedosamente...
*****
DONA TRISTEZA
tristeza, minha amiga, eu não me iludo
sentindo-te de pé, bem junto à mim,
num silêncio de paz e de veludo...
Há muito tempo que eu te vejo assim,
pálida, austera e, com teu lábio mudo,
pondo em meu lábio um ósculo sem fim.
E no teu seio acolho-me, Tristeza,
enquanto o mundo tumultua em festa
porque és na minha vida de incerteza
s única ventura que me resta.
Deborah Dornellas
Deborah Dornellas nasceu no Rio de Janeiro, morou muito tempo em Brasília e atualmente reside na Paraíba. É escritora, tradutora e artista plástica. Fez mestrado em História Cultural (UnB) e é pós-graduada em Formação de Escritores (ISE Ver Cruz). Entre seus livros publicados destacamos Triz (poemas) e o romance Por cima do mar. Venceu o Prêmio Literário Casa de las Américas em 2019 na categoria “Literatura Brasileira”.
CAMINHO
estão me faltando pedaços
é o efeito do
tempo
frágeis alegrias já não se (me) sustentam
coisas úteis, se fugazes
desprendem-se e caem do fio das certezas
piso nelas e me machuco
mas meus pés criam casca
*****
MEMBROS
minhas mãos são mais escuras
do que a carne entre as minhas pernas
e ásperas, vincadas
na ponta dos dedos há unhas ressecadas
e a pele se enruga em cada falange
formando círculos concêntricos
minhas mãos geladas às vezes ardem
às vezes se mostram às vezes são
às vezes me cabem às vezes não
já se acostumaram ao fogo e
ao contato com a água:
não se queimam nem se dissolvem
movem-se
fazem carinho comida sexo lavam a louça a pia a roupa o corpo
minhas pernas só me levam aonde minhas mãos sonham
*****
AMPULHETA
afio os sentidos nas ausências
amolo as unhas numa pedra
lavo o rosto com as mãos em concha
enxugo respiro e olho no espelho
: não sou eu
com essa pele marcada
há pouco entendi que não governo o tempo
apenas adivinho as horas
(olho para o antes
vejo o através e o adiante)
aprendi
: calo quando quero ouvir
falo quando quero dizer
deixo a areia cair
*****
SALTO
daqui a dois passos
posso despencar num abismo
e nunca chegar ao fundo
ou
tropeçar e cair no chão árido
das margens do buraco
e me salvar da queda livre
ou
construir uma ponte pênsil
e atravessar a garganta
onde lá embaixo
ruge o rio turvo
ou
desenhar um trampolim
pronto para o mergulho
e saltar de olhos fechados
ou
tecer uma teia no vazio
e me enredar nela
para capturar insetos
e comê-los inteiros
mortos ou vivos
se estiver com fome
ou
chegar a um espelho d’água
onde enxergue minha imagem refletida
e ela me diga: teu nome é narciso
ou
acorrentar meus tornozelos
a uma pedra imensa
com destreza formidável
então
bater muitas vezes as asas que não tenho
para alçar voo sobre o vale
de onde veria que tudo se move
ou
perceber simplesmente
que o espaço
é o cumprimento
do tempo
*****
LONGE
ausência é assombro
corte na casca do tempo
presença do avesso
copo vazio
corpo endereço
ausência é cisterna seca
pântano movediço
cais sem trapiche
labirinto sem fio
fio sem prumo
noite sem dia
fruta sem sumo
ausência é teu ombro
longe da minha cabeça
*****
TEMPO
1
na casa antiga: moscas larvas vermes
mofo
um véu delgado sobre as coisas
frutas secas doces
muito mais doces porque secas
sementes que não germinam
e apodrecem novas
dias que guardam noites de insônia e
febres
galos remotos e sinos repicando as
horas
2
acorda levanta anda olha urina lava
escova come veste sai entra volta senta assiste come dorme acorda boceja
levanta anda despe defeca limpa lava enxuga veste come anda anda xinga volta
come sonha chora dorme acorda lembra esquece
envelhece
3
nasceu entre fluidos
vive entre flechas
morrerá entre flores
Fote: Ruído Manifesto e Miradas
quinta-feira, 30 de março de 2023
Chico Pedrosa
Francisco Pedrosa Galvão (Chico Pedrosa) nasceu em Guarabira-Pb, no dia Nacional da Poesia. Começou a escrever Cordel aos 18 anos. É poeta popular e declamador> Publicou Pilão de Pedra (I e II), Raízes da Terra< Raízes do Chão Caboclo – Retalhos da minha vida, diversos cordéis escritos e ançou três CDs.
A BRIGA NA PROCISSÃO
Quando Palmeira das Antas
Pertencia ao capitão
Justino Bento da Cruz
Nunca faltou diversão.
Vaquejada, cantoria,
Procissão e romaria
Sexta-feira da Paixão.
Na Quinta-feira Maior
Dona Maria das Dores
No salão paroquial
Reunia os moradores
Depois duma Preleção
Ao lado do capitão
Escalava a seleção
De atrizes e atores.
0 Papel de cada um
O Capitão escolhia,
A roupa e a maquiagem
Eram com dona Maria,
O resto era discutido
Aprovado e resolvido
Na sala da sacristia.
Todo ano era um Jesus
Um Caifás e um Pilatos,
Só não mudavam a cruz
O verdugo e os maltratos.
O Cristo daquele ano
Foi o Quincas Beija-flor,
Caifás foi o Cipriano
Pilatos foi Nicanor.
Duas cordas paralelas
Separavam a multidão
Pra que pudesse entre elas
Caminhar a procissão.
Cristo conduzindo a cruz
Foi não foi advertia
O centurião perverso
Que com força lhe batia
Era pra bater maneiro
Mas ele não entendia.
Devido um grande pifão
Que bebeu naquele dia
Do vinho que o capelão
Guardava na sacristia.
Cristo dizia: "Oh! Rapaz...
Vê se bate divagar
Já tô todo incalombado
Assim não vou aguentar,
Tá cá gota pá doer
Ou tu para de bater
Ou a gente vai brigar.
Jogo já essa cruz fora
Tô ficando revoltado
Vou morrer antes da hora
De ficar cruxificado."
O pior é que o malvado
Fingia que não ouvia
Além de bater com força
Ainda se divertia
Espiava pra Jesus
Fazia pouco e dizia:
"Qui Cristo frouxo é você
Qui chora na procissão?
Jesus, pelo qui se sabe
Num era mole assim não.
Eu to batendo com pena,
Tu vai vê o qui é bom
Na subida da ladeira
Da venda de Finelon
O couro vai ser dobrado,
Até chegar no mercado
A cuíca muda o tom."
Naquele momento ouviu-se
Um grito na multidão,
Era Quincas que com raiva
Sacudiu a cruz no chão
E partiu feito um maluco
Pra cima de Bastião.
Se travaram no tabefe
Ponta-pé e cabeçada
Madalena levou queda,
Pilatos levou pancada,
Deram um bofete em Caifás
Que até hoje não faz
Nem sente gosto de nada.
Desmancharam a procissão,
O cacete foi pesado
São Tomé levou um tranco
Que ficou desacordado
Acertaram um cocorote
Na careca de Timote
Que até hoje é aluado.
Até mesmo São José
Que não é de confusão
Na ânsia de defender
Seu filho de criação
Aproveitou a garapa
Pra dar um monte de tapa
Na cara do bom ladrão.
A briga só terminou
Quando o doutor delegado
Interveio e separou
Cada santo pró seu lado
Desde que o mundo se fez
Foi esta a primeira vez
Que Cristo foi pró xadrez
Mas não foi crucificado.
Envie poemas, minibio e foto para o e-mail lausiqueira@yahoo.com
Francc Neto
Minha jornada como poeta começou na adolescência, publicando poemas em revistas e jornais. Ao longo dos anos, minha poesia foi reconheci...

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Joedson Adriano da Silva Santos nasceu em Bayeux, nascido e reside em João Pessoa. Policial Militar desde 2002, é poeta e publicou em diver...
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CELEBRANDO LÍRIA PORTO Líria Porto nasceu em Araguari-MG e reside em Araxá-MG. É professora e poeta. Publicou alguns livros de poemas, ent...
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