Nadja Tavares é natural de
Natal/RN e vive em João Pessoa há oito anos. Jornalista pela UFRN, trabalha em assessoria
de imprensa e é especialista em Gestão da Comunicação nas Organizações. Obteve menções
honrosas em concursos de poesia da Fundação José Augusto, de Natal, e em um de
contos infantis do SESC-DF. Também tem textos publicados em antologias. Planeja
publicar um livro individual em 2024.
Imaginário
Havia um grande dragão chinês
pintado na fachada do clube,
bem no caminho para a escola.
Um ser tenebrosamente real para os meus quatro
anos.
Passava por ele de olhos fechados,
segurando com força a mão da minha mãe.
Hoje o grande dragão
não está mais lá,
ele está cá dentro.
E sem a mão da minha mãe para segurar,
e sem poder fechar os olhos,
e com os olhos calejados pela Vida,
luto com ele diariamente.
Tenho vencido, às vezes.
*****
Compacta
Gosto de versos curtos,
nomes curtos,
textos curtos.
Eu te amo é frase curta,
mesmo carregando léguas em si.
Eu te amo cabe em qualquer cantinho.
*****
Possível
Proclamaram: podes tudo!
Engodo.
Sentenciaram: nada podes!
Duvido.
Entre o tudo e o nada
navegam possibilidades.
Mergulho!
*****
Dupla visão
Dizem que falo sobre o tempo,
mas o tempo é quem fala por mim,
de mil modos.
Também por meio dos olhos.
Na segunda metade do percurso,
ele me trouxe um olhar mais afiado sobre tudo.
Sobretudo para o que não é:
essência, presença, importância.
O novo olhar juntou-se ao olhar da menina.
Ora um, ora outro, escrutinam o mundo.
Agora tenho uma dupla visão.
*****
Há
Para o desvendar, não há pressa,
tudo em seu ritmo.
Embora o desejo, o intento,
há o tempo.
Para maturar o que há de verde ainda.
E embora o aguardo, a espera,
o apesar,
há de ser transbordamento a hora H.
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