Quem quiser falar de mim
Cante e grite pela rua,
Que eu como é na minha casa;
Cada qual coma na sua.
DÉCIMA
Nasci livre, Deus louvado,
E até sem medo fui feito
Porque meu pai, com efeito.
Com minha mãe foi casado;
Também nunca fui pisado,
Como terra ou capim,
E se alguém pensar assim
É engano verdadeiro;
Olhe para si primeiro,
Quem quiser falar de mim.
Mas, fale lá quem falar,
Que eu não morro de careta,
Para mim, tudo isso é peta,
Só Deus me pode matar;
Quem de mim se desgostar
Que me feche a porta sua;
Eu bem sei que quem me injua
E com raiva ou com inveja,
Mas como isso não me aleja
Cante e grite pela rua.
Deus me deu tal natureza
Que bem pouca gente tem:
Não invejo de ninguém
Seu brasão, sua riqueza!
Pois dos outros a grandeza
Não me abate, nem me abrasa.
É pequena a minha asa
Que mal chega para mim.
Alas, se é bom ou se é ruim,
Eu como é na minha casa.
Que importa a Pedro ou a Paulo,
Seja rico ou seja nobre,
Que eu vivendo como pobre
Ande a pé ou a cavalo?
A mim não me dá abalo
Toda grandeza da lua!
Cante e grite pela rua
Quem em paixão se abrasa;
Que eu como é na minha casa
Cada qual coma na sua.
Com minha mãe foi casado;
Também nunca fui pisado,
Como terra ou capim,
E se alguém pensar assim
É engano verdadeiro;
Olhe para si primeiro,
Quem quiser falar de mim.
Mas, fale lá quem falar,
Que eu não morro de careta,
Para mim, tudo isso é peta,
Só Deus me pode matar.
Que importa a Pedro ou a Paulo,
Seja rico ou seja nobre,
Que eu vivendo como pobre
Ande a pé ou a cavalo?
A mim não me dá abalo
Toda grandeza da lua!
Cante e grite pela rua
Quem em paixão se abrasa;
Que eu como é na minha casa
Cada qual coma na sua.
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