Paraibana de Pombal, Mariana Tabosa começou a se interessar literatura ainda na infância quando também começou a experimentar a escrita. Na adolescência esse gosto pela literatura aprofundou-se com a leitura de Cecília Meireles, Florbela Espanca e Clarice Lispector. Inicialmente não pensava em escrever livros, todavia já tem dois livros publicados e bem recebidos pela crítica e pelo público. O primeiro deles foi "A mulher Fósforo e As nve Caudas da Raposa. É doutora em literatura e atualmente vive no Canadá.
Sobre o seu segundo livro, escreveu a poeta Socorro Nunes: "Esta Raposa de Mariana "não cabe em uma fotografia", suas caudas gestadas numa linguagem enxuta e mínima, "constroem um jardim não acadêmico". O silêncio cortante após a morte, o falo sem vida, indicam a impotência do corpo e do ser diante do nada que se avizinha, alertam os versos de Mariana: "a morte traz um silêncio/ que é como um apito/ agudo e fino/ que só os cães podem escutar". A poeta sabe da simplicidade e da suavidade da morte, pois são moléculas que também atravessam a poesia dando origem a um "caleidoscópio" "que nunca se repete". Em tempos de pandemia, "a mulher forte" e suas nove caudas armam-se de instintos, palavras, sentidos e desejos, pois "centenas de planos deixados/ pelo caminho/ o vírus convida a regressar ao/ instinto, afinal/ somos animais que precisam ganhar por mérito o direito de ser-estar-por mais um dia". Cabe a nós tomar o suco, curar a cicatriz e esperar o ressoar da raposa-poesia num ciclo que não se repete e não se submete ao relógio. Se a vida não é uma linha reta, diz a poeta, seguimos o caminho singular de cada texto. E migre, se for preciso."
POEMAS DE MARIANA TABOSA
Parafilia
A minha poesia
certo dia
teimou em mudar
Viu que precisava de maldade
desprendimento
E flertou com a realidade
Pensou que poderia ser
como "poesia de homem"
mas feita
mesmo por uma mulher
(- E poesia tem sexo, tem biologia?)
Túmulo para pagantes
O museu é uma importante reunião de
coisas mortas selecionadas e organizadas
em uma história inventada e certa
Tudo está meticulosamente exposto
desrespeitando o caos natural
e agradando a ideais do presente
O museu guarda coisas sem dono
é catalogação sem ação.
Construção de memória sem passado
A cultura transfigurou o seu verdadeiro significado
((de túmulo eterno para falsos fetiches)
e garantiu os pagantes
(***)
POEMAS DE MARIANA TABOSA
Parafilia
A minha poesia
certo dia
teimou em mudar
Viu que precisava de maldade
desprendimento
E flertou com a realidade
Pensou que poderia ser
como "poesia de homem"
mas feita
mesmo por uma mulher
(- E poesia tem sexo, tem biologia?)
Túmulo para pagantes
O museu é uma importante reunião de
coisas mortas selecionadas e organizadas
em uma história inventada e certa
Tudo está meticulosamente exposto
desrespeitando o caos natural
e agradando a ideais do presente
O museu guarda coisas sem dono
é catalogação sem ação.
Construção de memória sem passado
A cultura transfigurou o seu verdadeiro significado
((de túmulo eterno para falsos fetiches)
e garantiu os pagantes
(***)
Viajo para praticar a
DESAPRENDIZAGEM
para perder muitas coisas
para abandonar
para DESCRESCER
impressões doentias
Comportamentos sãos
Falsas alegrias.
(***)
Metáfora fria
Não sei qual é a cara da Criação
não sinto mais a salvação da Metáfora
fiquei fria
Sou o feminino sem emoção.
Tenho ovários, mas não Produzo.
Vida acadêmica
Retrato da desnatueza
Árvore: tem vida, não tem Movimento
pé que não frutifica
Pé Fincado
É vaso de cristal, montado por especialista
em loja de shopping
com flores de plástico
Túnel de vento
sem vento
Vácuo no vazio
- Retrato de pai e mãe.
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