quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

MARIANA TABOSA

Paraibana de Pombal, Mariana Tabosa começou a se interessar literatura ainda na infância quando também começou a experimentar a escrita. Na adolescência esse gosto pela literatura aprofundou-se com a leitura de Cecília Meireles, Florbela Espanca e Clarice Lispector. Inicialmente não pensava em escrever livros, todavia já tem dois livros publicados e bem recebidos pela crítica e pelo público. O primeiro deles foi "A mulher Fósforo e As nve Caudas da Raposa. É doutora em literatura e atualmente vive no Canadá.




Sobre o seu segundo livro, escreveu a poeta Socorro Nunes: "Esta Raposa de Mariana "não cabe em uma fotografia", suas caudas gestadas numa linguagem enxuta e mínima, "constroem um jardim não acadêmico". O silêncio cortante após a morte, o falo sem vida, indicam a impotência do corpo e do ser diante do nada que se avizinha, alertam os versos de Mariana: "a morte traz um silêncio/ que é como um apito/ agudo e fino/ que só os cães podem escutar". A poeta sabe da simplicidade e da suavidade da morte, pois são moléculas que também atravessam a poesia dando origem a um "caleidoscópio" "que nunca se repete". Em tempos de pandemia, "a mulher forte" e suas nove caudas armam-se de instintos, palavras, sentidos e desejos, pois "centenas de planos deixados/ pelo caminho/ o vírus convida a regressar ao/ instinto, afinal/ somos animais que precisam ganhar por mérito o direito de ser-estar-por mais um dia". Cabe a nós tomar o suco, curar a cicatriz e esperar o ressoar da raposa-poesia num ciclo que não se repete e não se submete ao relógio. Se a vida não é uma linha reta, diz a poeta, seguimos o caminho singular de cada texto. E migre, se for preciso."


POEMAS DE MARIANA TABOSA



Parafilia


A minha poesia
certo dia
teimou em mudar

Viu que precisava de maldade
desprendimento
E flertou com a realidade

Pensou  que poderia ser
como "poesia de homem"
mas feita
mesmo por uma mulher

(- E poesia tem sexo, tem biologia?)




Túmulo para pagantes


O museu é uma importante reunião de
coisas mortas selecionadas e organizadas
em uma história inventada e certa

Tudo está meticulosamente exposto
desrespeitando o caos natural
e agradando a ideais do presente

O museu guarda coisas sem dono
é catalogação sem ação.
Construção de memória sem passado

A cultura transfigurou o seu verdadeiro significado
((de túmulo eterno para falsos fetiches)
e garantiu os pagantes




(***)

Viajo para praticar a
DESAPRENDIZAGEM
para perder muitas coisas
para abandonar
para DESCRESCER
Verdades absolutas
impressões doentias
Comportamentos sãos
Falsas alegrias.


(***) Metáfora fria

Não sei qual é a cara da Criação não sinto mais a salvação da Metáfora fiquei fria Sou o feminino sem emoção. Tenho ovários, mas não Produzo.




Vida acadêmica Retrato da desnatueza
Árvore: tem vida, não tem Movimento pé que não frutifica Pé Fincado É vaso de cristal, montado por especialista em loja de shopping com flores de plástico Túnel de vento sem vento Vácuo no vazio - Retrato de pai e mãe.

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Francc Neto

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