quinta-feira, 22 de junho de 2023

José Edmilson Rodrigues

José Edmilson Pereira Rodrigues nasceu em Capina Grande-Pb onde ainda vive. Poeta, ensaísta e memorialista. É advogado e mestre em Literatura e Interculturalidade pela UEPB. Membro da Academia de Letras de Campina Grande - ALCG e sócio efetivo  do IHCG - Instituto Histórico de Campina Grande-Pb. Foi um dos editores da revista literária Ranhura, manteve coluna no jornal Diário da Borborema e escreve para o portal Paraíba On Line. Os poemas abaixo foram extraídos do livro "A solidão dos olhos e as vertigens do tempo". Também é autor do livro "A poética do ridículo". Seus poemas estão publicados na antologia Engenho Arretado - poesia paraibana do século 21, organizada por Amador Ribeiro Neto e publicada pela Editora Patuá.






LOUCO

Sem noção,
caminha lerdo,
tocado num passo
só dele.
Sorri quase
Sem sentir,
mas um sorriso
alheio
de quem se perdeu
na vida.




*****




PERCALÇOS


Há nuvens e nuvens.
Deslocamentos e encontros,
lembranças chegando,
saudades coladas

Ficou uma angústia,
O peito não fora preenchido.




*****




SILHUETA


Sua foto tem uma cor em tom pastel
Mas não é exatamente o retrato,
Nem é pintura,
Porém, é você que tem essa estação
E que repassa resquício de um tempo antigo
De um rosto ancestral
De uns olhos remotos
E de uma boca de sempre,
Atemporal.



*****



TARDES

Todas as tardes
olhando para o mar
e sobre a areia
as marcas
das tuas nádegas
reveladas
e a vontade do beijo
todas as tardes.



*****



CARTOGRAFIA

Em tempo sereno,
ondas imperfeitas
norteiam mapas
indescritíveis mar afora,
carta náufica da paixão.
Não foi imposta,
involuntária será.




Beth Olegário

Filha de mãe paraibana e com a ancestralidade dos povos Tabajara, Elizabeth Olegário nasceu em Natal. Mantém relação direta com a Paraíba há mais de dez anos, tendo residido por quatro anos em João Pessoa onde cursou o mestrado. Atualmente reside em Lisboa onde é doutoranda em Estudos Portugueses. Área de Especialização: História do Livro e Crítica Textual, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH). É bolseira da Fundação para a Ciência e a Tecnologia de Portugal – FCT/PT (SFRH/BD/145768/2019). É investigadora integrado no CHAM (Centro de Humanidades), é membro do Grupo de Investigação em Leitura e Formas de Escrita do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa (CHAM NOVA FCSH). É membro da Ação COST 18126 – “  Escrever Lugares Urbanos – Novas Narrativas da Cidade Europeia” e membro do grupo: Ensino, Diferença e Produçºao de Subjetividade, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Rio Grande do Sul, Brasil

É mestra em Comunicação e Culturas Mediáticas pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e licenciada em Língua e Literatura Portuguesa pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). É escritora, poeta e crítica literária. Possui recensões críticas e ensaios publicados no jornal Le Monde Diplomatique – Edição Portuguesa (Portugal), jornal da Feira de Quelimane (Zambézia/Moçambique),  Revista O Galo, ( Fundação José Augusto/ Secretária de Cultura do Rio Grande do Norte). Entrevistas no jornal A União, da Paraíba (Paraíba/Brasil), Jornal Potiguar Notícias (Natal/Brasil), Jornal Saiba Mais (Natal/Brasil), suplemento literário Correio das Artes (Paraíba/Brasil), poemas  na revista  cultural portuguesa Gerador (Portugal) e na  revista InComunidade (Portugal) entre outros. Participou na Feira do Livro de Maputo (2022), 1ª e 2ª Feira do Livro de Quelimane – Zambézia/Moçambique (2021 e 2022).



 




 LESBOS 

  

Enquanto alguns 

aproveitam as férias 

no mar azul da Itália: 

Camogli , Baia del Silenzio, Monterosso 

Ilha de Elba, Chiaia di Luna, 

Costa Amalfitana e Spiaggia dei Frati. 

Mulheres e crianças em longa espera se desesperam 

ao ver os corpos de outras tantas crianças 

serem levados pelas correntes do Mar Adriático. 

 

Se isto fosse um poema 

os leitores se lembrariam que Safo 

também teve seu corpo levado 

por estas mesmas correntes, 

mas isto não é um poema  

e os corpos negros, migrantes e pobres 

jamais serão lembrados. 

 

Ser um refugiado é estar desapossado de si. 

É ser um corpo esperançoso equilibrando-se sobre a morte. 

Ser uma mulher refugiada em um campo de refugiados 

é estar em delito. 

É preferir dormir com fraldas 

A ter de ir, à noite, à casa de banho. 

 

De servem os valores humanitários? 

De que serve a poesia em Camp Moria? 

 

A poesia de nada serve. 

Nunca houve humanidade, 

foi por estar certa disto 

que há 2.600 anos Safo 

lançou-se do penhasco de Lêucade. 

Os fragmentos de seus poemas sobreviveram à ruína. 

Os imigrantes que vagam em botes 

no mar Egeu desaparecerão, 

pois não nos interessa as suas vidas, 

 nem as suas histórias. 

 

Cinco mil e quinhentas pessoas  

foram jogadas em Moria. 

No campo, concentração de corpos. 

sírios, iraquianos e paquistaneses. 

Desconcertados.  

Empilhados. 

Lesbos tornara-se a ilha do desespero. 

Coletes já não salvam. 

A poesia de nada serve. 

 

Recita Ro-La, uma jovem síria: 

"A vida é um inferno em Camp Moria". 

 

Enquanto corpos são levados pelas correntes do Mar Adriático 

Enquanto Ro-La recita o verso da morte. 

 

Enquanto Safo lança-se todos os dias do penhasco de Lêucade. 

Um turista de férias repete todas as manhãs: Che bello l'azzurro del mare italiano. 




*****

 

 

 


AUTOIMOLAÇÃO

 

Friccionando o palito 

de fósforo contra a caixa  

Na cidade de Herat[1] 

as mulheres durante horas,  

como quem ora 

passam as horas

olhando o lume.

 

Lá, onde fala é interdita 

o corpo grita. 

Os olhos reconstroem a trama. 

Fogo. Fagulha. Flama. 

 

“A língua é a espera de um possível” 

 

Seus olhos vazios 

vagueiam pelo fogão à lenha 

vacilantes tropeçam na chama,  

que voltei como vespas 

carcomendo a pele.  

Todo gesto é risco. 

 

As mulheres em Herat 

Deslizam palitos  

Leves e lépidos

que anseiam saltitar,  

Para fora da caixa,

porém elas 

com as mãos seguras 

os seguram e silentes,

escutam-se. 

 

Ainda que interdita a fala, 

no Oriente o corpo fala. 

os jogos de olhares, 

o fósforo, 

a chama,

atmosfera silenciosa  

que irrompe lógicas, 

desmantela estruturas 

por vez não assimiláveis 

em um mundo tomado por constantes ruídos. 

 

Na cidade de Herat 

A fome é certa e o futuro é sombra. 

Ir à escola é não saber se voltará viva  

 

A gasolina, 

O fósforo em chama, 

A carne humana assada: 

Imagem desesperada do mundo. 

Destruindo o lirismo da linguagem.  

O fogo procura forma. 

O poema é a carne das coisas.

Vórtice. 

 

Entre a dor e o desespero,

com o corpo em chama,

resistem.

Se escrevessem versos.

Eles seriam lâminas.

 

-  A revolta é um pirilampo que nos acende por dentro.





*****

  

 

 A DESCOBERTA

 

Chegaram com suas naus e mastros.

Invadiram territórios,

mataram povos e

estupraram mulheres.

 

Disseram que nossos povos

eram infantis e incivilizados.

Com os Napë[2] descobrimos

que o mito é a civilização.




*****

 

 

Touro

(Para Júlio Pomar in Memorian)

Na sala, o touro[3]

bailava comigo

na noite de inverno.

 

Lá fora,

toras de madeiras,

decomposição de corpos e

cores mortas.

Folhas suicidas.

Caducas.

Lições do tempo.

Tintas lusitanas.

Malhoa[4] impressionado com  Gustav Klimt

 

Tinto o vinho

Turva a  imagem~

 

Na arena, o touro

Balé andaluz – a incerteza da volta

Manolete no chão.

 

O limite  da dança: o passo.

O limite da  vida: a morte.

 

No copo a borra.

Na  sala o touro.

Na boca o travo.

 

Vinho tinto

Turva a imagem.

 

Encharcada de vinho,

Toureando a solidão

A menina  e o touro

Bailavam na sala

nas noites de outono.




*****

 

 

Pão de Queijo

 

Nunca andamos de mão dadas,

nas noites de lua, nas margens do Tejo.

 

No entanto construímos esferas,

e nos oferecemos com a mesma ternura dos apaixonadas

que caminham pela Ribeira.

 

O amor percorre rotas invisíveis

 

Nunca andamos de mão dadas,

nas noites de lua, nas margens do Tejo.

 

Porém dentro da tigela,

enquanto sovamos a massa

nossos dedos tocam-se,

constroem luas,

silentes, falam de amor.

 

 

 


sábado, 27 de maio de 2023

Eudes Barros

  

Eudes Barros (1905- )nasceu em Alagoa Nova-Pb. Fez seus estudos primários e secundários em João Pessoa. Muito cedo integrou-se na vida intelectual como poeta e prosador. Depois participou ativamente das atividades jornalísticas na Paraíba, em Pernambuco e no rio de Janeiro. Escreveu seu primeiro livro de poemas na adolescência. “Fontes e Paues” foi publicado pela Imprensa Oficial da Paraíba em 1920. O poema Êxodo, aqui transcrito, foi publicado neste livro. Em 1928 lançou também pela Imprensa Oficial o livro Cânticos da Terra. Em 1937 lançou o romance Dezessete.




 

 

JESUS BRASILEIRO

 


Jesus do meu País! foi a Maruja em festa
que te trouxe na cruz das velas de Cabral!
E na primeira missa-aqui-foi a floresta
tua primeira catedral!

Nos teus natais, aqui, não há neve lá fora...
Mas luares mornos! (e que festas! é de vê-las...)
É aqui que Jesus mora! E' aqui que Jesus mora!
crucificou-se aqui... mas numa cruz de estrelas!
No meu País não és um Cristo moribundo
mas um Jesus de glória e de Ressurreição!
Salve, ardente Jesus do Novo-Mundo,
que nos sorris do céu numa Constelação!
As tuas bênçãos descem da amplidão acesa
para florir e fecundar a terra virgem e feliz!
Ó Jesus-Lavrador! ó Jesus-Natureza!
Jesus do meu País!




*****

 

 

 

ÊXODO

 


Passam nas ruas, pelos caminhos
Bandos mais bandos de pobrezinhos.

 

Da cruel seca vítimas são,

Mestros filhinhos do almo Sertão...

 

Deixam saudosos a sua terra

Que hoje tristeza  e dor encerra...

 

Tinham as faces cor de romã.
Eram risonhos como a manhã...

 

Ouviram sempre cantar nos ninhos
Os bardos d'asas-os passarinhos...

 

Hoje vagueiam tristes e exsues
Sob o zimbório dos céus azuis!

 

Quantas saudades, quantas lembranças
Se ocultam n´alma dessas crianças!

 

Jesus bondoso! Filho de Deus!
Tem piedade dos filhos teus!

 

O Sertão ontem era florido

Mas vê-se agora triste e dorido...

 

O Astro do dia queima com ardor
Aqueles campos cheios de dor!

 

Os pobrezinhos são como as flores
Murchas, pendidas e sem olores...

 

Mui andrajosos de par em par
Andam nas ruas, vão esmolar...

 

Como eles andam tão fatigados!
Como são pobres e desgraçados!

 

Da cruel seca vítimas são
Mestos filhinhos do almo Sertão! (1919).




*****



(...)
Estamos ainda às tuas águas próximas – América!
Sabemos-te ainda da existência imensa – como há cinco séculos
pelos sargaços e aves marinhas do último dia da aventura de

[Colombo.
Não tomamos ainda posse do teu gênio livre em nome
                                                                 [de Ti Mesma!
Somos olhos que se abrem num deslumbramento eterno
diante de Ti – do teu Mistério! O teu mistério
                                                                  [verde...

Homem do Novo Mundo!
título virgem, druídico, profundo,
que (por associação de ideias) nos traz logo aos olhos
                                       [e ao espírito  - o Amazonas
que do Peru nos manda, como uma vitória-régia, em suas
                                       [ águas, a alma de Chocano...

Santos Chocano! Legendas cheias de sons imensos
                                       [Os sons da América!

Homem do Novo Mundo!
título altivo como o de Condor dos Andes!
Condor dos Andes... Castro Alves! Grito de epopeia do
                                                        [Continente!

Homem do Novo Mundo!
título virgem, druídico, profundo
milenar como o esplendor submerso dos Astecas;
tentacular como New York... New York! Broadway!
                                          [Luz! Luz! Luz! Luz!
Deslumbramento! Petróleo!  Radium! New York!
tentacular múltiplo livre  como um poema de walt Whitmann!.
(...)


Gilvan de Brito

 Gilvan Bezerra de Brito nasceu em João Pessoa e ingressou no jornalismo em 1960, onde fez carreira. Titulou-se em Direito na UNIPE, mas seguiu na imprensa até se aposentar. Dirigiu a secretaria de comunicação da Assembleia Legislativa da Paraíba. Foi assessor parlamentar na Câmara dos Deputados, diretor e coordenador geral no Ministério da Indústria, do Comércio e do turismo, em Brasília. Uma vez aposentado dedicou-se integralmente à escrita de ensaios, pesquisas, biografias, peças para teatro, música, roteiros e contos. 0escreveu mais de cem livros tento publicado vinte. Entre os quais, destacamos Delírios da Vagina (poesia) e "Não me chamem Vandré" (biografia de Geraldo Vandré), entre outros.


OS QUINZE SEGUNDOS

Vai chegando
ta chegando
vai chegando

Não pare
Ta chegando,
Vai chegando,
Ta Che-che-che.

Chegoooooooou,
Chegoooooooou,
Ahhhhhhhhhhhhh.

Isso faz um bem!
Foi bom prá você também?

Foi, mas não tire,
Nem saia de cima!




*****



BRANCA/VIRGEM

Não apenas por ser judia
A bela jovem Branca Dias
Foi queimada viva em Lisboa
Pela fogueira dos católicos
Da famigerada Inquisição.
Por trás de tudo havia yma fraude,
Frei Bernardo de Mussumagro
Que desejava o corpo de Branca
Mas foi por ela rejeitado
E que por isso mesmo
A denunciou como herege,
Aos padres do Santo Ofício.




*****




NA BOCA DA NOITE

Ao vê-la
Gotejei.
Ao senti-la,
Amei.
Ao penetrá-la,
Gozei.
        saiu
        de dentro
        de mim.
Tensões,
Tremores,
Vibrações,
Trepidações.
Fuga da sombra,
Adeus melancolia.
       aos urros
       quebrei
       meu silêncio.




*****



TEMPO CORROSIVO

Tinha uma vida alegre
Saoia à tardinha
E voltava pela madrugada.
Tinha até preço.
Mas de tão caro
Poucos se habilitavam.
O tempo foi passando
E o preço foi caindo
A lei da oferta e da procura
É impiedosa e seletiva
É a lei do mercado.




*****




MANGA-ROSA

Você parecia
uma fruta de verão,
madura, no ponto,
para comer...
E isso importava muito,
para mim,
que estava morrendo de fome,
de você.







quinta-feira, 25 de maio de 2023

Nadja Tavares

Nadja Tavares é natural de Natal/RN e vive em João Pessoa há oito anos. Jornalista pela UFRN, trabalha em assessoria de imprensa e é especialista em Gestão da Comunicação nas Organizações. Obteve menções honrosas em concursos de poesia da Fundação José Augusto, de Natal, e em um de contos infantis do SESC-DF. Também tem textos publicados em antologias. Planeja publicar um livro individual em 2024.



 

Imaginário

Havia um grande dragão chinês

pintado na fachada do clube,
bem no caminho para a escola.
Um ser tenebrosamente real para os meus quatro anos.
Passava por ele de olhos fechados,
segurando com força a mão da minha mãe.
Hoje o grande dragão
não está mais lá,
ele está cá dentro.
E sem a mão da minha mãe para segurar,
e sem poder fechar os olhos,
e com os olhos calejados pela Vida,
luto com ele diariamente.
Tenho vencido, às vezes.




*****

 

 

Compacta

Gosto de versos curtos,
nomes curtos,
textos curtos.
Eu te amo é frase curta,
mesmo carregando léguas em si.
Eu te amo cabe em qualquer cantinho.



*****

 

 

Possível

Proclamaram: podes tudo!
Engodo.
Sentenciaram: nada podes!
Duvido.
Entre o tudo e o nada
navegam possibilidades.
Mergulho!




*****

 

Dupla visão

Dizem que falo sobre o tempo,
mas o tempo é quem fala por mim,
de mil modos.
Também por meio dos olhos.
Na segunda metade do percurso,
ele me trouxe um olhar mais afiado sobre tudo.
Sobretudo para o que não é:
essência, presença, importância.
O novo olhar juntou-se ao olhar da menina.
Ora um, ora outro, escrutinam o mundo.
Agora tenho uma dupla visão.




*****

 

 



Para o desvendar, não há pressa,
tudo em seu ritmo.
Embora o desejo, o intento,
há o tempo.
Para maturar o que há de verde ainda.
E embora o aguardo, a espera,
o apesar,
há de ser transbordamento a hora H.

Silvânia Braz

 Silvânia Braz é poeta e cordelista. Nasceu e vive em Poço José de Moura-Pb.




NOCAUTE

Tem
Mãos
Sedentas
De
Punhos
Certeiros
Que
Acorda
Dias
Que
Eu
Sou
Nocauteada
Na
Dor
Um soco
Certeiro
Me deixa
A
Mercê
De meus
Ais
Dores
Atrozes
Da
Vida
Vivida

Cumprida
Destinos
As sos...
O dia
Acordou
E
Eu
Estou
Sonolenta
Grogue
De
Distâncias
Sentidas
Saudades
Da
Noite
Passada
Passou
Mais
A
Dor
Me deixou
Inerte
E
Ávida
De
Sentimentos
Negados
E
Vou
Ao

Meu
Encontro
Destruindo
Afio
O
Que
Por um
Acaso
Me
Nocauteou
E
Fincou
Com
As
Mãos
O
Soco
Certeiro
Que
Me
Derrubou
Não
Senti
Mais
Dor
Meu
Ávido
Sonho
Pássaro
Rodopiou
E

Voou
E
Minha
Dor
Cessou.




*****



INTERVALOS


Eramos !!
...A maior parte
Das conversas
Eu me sentia interessante...
Mais eramos intervalos
Nunca havia
Um consenso
Tempo
Eramos silêncios
Tensos...
Intensos
Entre
Uma
Frase e outra
Numa

Perfeita
Simetria
Harmonia ( ou não!!)
Sim
Somos esta perfeição
Meu peito
Arde e
Em sons abafados
Alado...
Mesmo
Assim entre
Eu e o querer
Nosso
Amor
Entre versos
E entre uma frase e outra
Até nosso
Silêncio
Era poesia...



*****




Fugidia...

São tão raros os momentos
Completos
Intensos e feliz..

São tão passageiros os começos
Recomeços e se vão..
Saem livres
As vezes presos
Algemas do destino!!!

Em desalinho soltos
Ao vento relento
Rebento sedento de
Nós...
Desabalada, ou sinistra
Calma !!( Veloz sai...)

E aí !!! São sedentos aís
Tristes ,relentos de noites
Ou dias nublados a desaguar

Dos olhos vagueiam a ávida voraz da busca de um ser vazio
Vazio a me torturar...

Volto ao abrigo regaço antigo
Na busca da minha lucidez
Saio ao encontro de tantos
E quantos...(eu perdido
Na vida que eu quero..
Espero dar.

E assim me vejo
Ou sei lá talvez seja...
A minha busca incansável
Daquilo que um dia fui

Nada sou mais que uma leve e
Neutra neblina
Envolta a um Eu que silenciosamente
Já se desprendeu de mim

Eu
Eu sou
Esta miragem em forma de corpo
Envolto em um Sopro
Fugindo pra longe
Daquilo que não posso mais ser...




*****




Nordestinando 

O linguajar Nordestino
E lindo de se falar
Aqui pode ser agora
Mais adiante é acolá
Só sei que o meu Nordeste
É a mió terra que há ...

Nossos costumes é assim
Ninguém tem vergonha não

Arroz com carne de chaque
Cozida dentro do feijão
Toicim torrado e cequinho
Com pão de milho moído
Pra misturar cum feijão

Assim que o galo canta
É hora de levantar
Acender o fogo de lenha
Que tá lá dentro quintá
Pra môde fazer o café
Pro povo poder tomar
Depois sai pro roçado
Se ter hora de vorta

Me lembro cuma era bom me levantar pra oiá
Na cozinha aquele chero
Pra longe se espaiá
Do café preto e forte
Torrado ,que mãe costumava torrar
Com rapa de rapadura depois de feito adoçar.

O café era servido ,com bolo ou com pão-de-ló num bule o café quentinho e os sequí de
Filó
E o leite vindo da roça da nossa vaca mocó, sei que era uma delicia ,, não tinha tempo mió

O almoço no Sertão era uma grande fartura tinha de tudo na mesa era de mais a fartura
Feijão arroz e Guiné
Eita tempos de iguarias
E nós enchia o bucho
De tudo que mãe fazia.

A tarde era saudosa,
Pois o sol ia se pondo
As sombras de dona noite
Logo vinham se achegando
E já se ouvia o piá dos passos se agazaiando
E mãe já de prontidão
As nossas redes armandos
A lamparina é o isqueiro
Ela ali ia deixando.

O entardecer no Sertão
É bonito de se ver
A leve brisa Soprando
As nuvens a se esconder
Por traz destas nuvens belas
Um sol lindo vai morrer
Mais faz um belo espetáculo
Que ninguém se cansa de ver...
É tão lindo o pôr do sol
E as cores que ele traz ,do laranja incandescente
Azul verde e lilás
Depois vai arrocheando
Ém seus momentos finais...

Assim chega o fim do dia
Aqui no nosso Sertão
Tanto é lindo o entardecer
E o amanhecer vichi é de chamar atenção é um espetáculo Divino que Deus só Deu ao
Sertão
E

Já se aproximando a hora
De agradecer pelo dia
Mãe com o terço na mão
Resava a sua Ave-Maria
Meu pai chegando da roça
Agradece pelo dia se senta la
No terreiro
E faz sua romaria
Eleva a Deus uma prece
Saudando a virgem Maria.

Espera esfriar o corpo
Banhado pelo suor
Do trabalho árduo do dia
Cansado que só ele so
Mais feliz e agradecido
Vai dar a benção a vovó
Pra depôs tomar seu banho
Jantar o que tem mió
Arroz doce, ou qualhada
Ou caldo de mocotó
Mais o bravo sertanejo
Não dispensa um pão-de -lo

As noites do meu Sertão
Eu nunca vou esquecer
Lá não tinha energia ,mais Jesus vinha trazer
Uma luz que clareada
E deva gosto de ver.

A luz da lua era linda prateando o meu Sertão, e o meu pai contando histórias era a nossa
diversão .E o outro passa-tempo era debulhar feijão.

O meu Nordeste tem tudo
Tudo que cê possa imaginar
Tem um sol que alumia
E o canto do sabiá
Tem o velho sertanejo
Que nem nunca
Estudou
Mais tem a bondade
Nos oios do homem
Trabalhador.



*****




Cordelizando o Nordeste


PURIFICAR
Eu quero me desprender de
Mim...
De
Tudo que me diminue
Eu quero sair de mim e descobri que eu posso ser tudo que ainda não fui...
Eu quero viver
Como se tivesse chegado agora ...
No mundo de cá...
Me banhar nas águas

Me purificar !!
Começar do zero...
De mãos limpas
Sem nada ...
Ser paciente
Mais não conivente!!
Ser tudo menos uma
Lunática que acredita num hemisfério imaginário
Cria de uma lapsa imaginação...
( fértil!!)
Eu sou tudo que minha alma deseja...
Assim eu serei o Elo que me une entre o mundo e o tudo ...
Eu sou a minha superação...
Sou noite
Sou manhã
Feito dia ...
No sonho real
Da imaginação...
Eu quero me banhar nas águas
Que ondeia.
Mergulhar profundo
Em veloz correnteza
Emergir das águas
E me purificar...

Envie poemas, minibio e foto para o e-mail lausiqueira@yahoo.com

Francc Neto

  Minha jornada como poeta começou na adolescência,  publicando poemas em revistas e jornais.  Ao longo dos anos, minha poesia foi reconheci...