Minha jornada como poeta começou na adolescência, publicando poemas em revistas e jornais. Ao longo dos anos, minha poesia foi reconhecida por colegas e admiradores do meio literário. Após uma pausa para reflexão em 1994, retomei minha paixão pela escrita em 2020, durante a pandemia. Atualmente, estou dedicado à produção de uma variedade de textos, incluindo poesia, contos e críticas literárias, com planos de publicar obras futuras.
Pombo Cidade
Entre esquinas e carros, o pombo
reina,
um sopro de liberdade em meio ao
caos,
nas asas desse pássaro urbano, a
dança da sobrevivência.
Ele desliza entre prédios
cinzentos,
im traço de cor na paleta do
concreto,
escapando por entre frestas e
grades,
um símbolo de resistência nos
ares da cidade.
Sem amarras, ele desafia o
cotidiano,
um poema vivo em pleno voo,
nenhuma máquina pode detê-lo,
pois ele é a própria essência do
movimento.
Nas vielas estreitas, ele se
insinua,
um ser em constante
transformação,
um espelho da metrópole que
pulsa,
o pombo, um ícone, voa além da
imaginação.
*****
Olhar de Musa
No topo da Serra Negra, onde o
fogo deixou sua marca,
nasceu Preciosa do Agreste,
testemunha do tempo que passa.
Seu olhar carbonizado, profundo e
penetrante,
revela segredos antigos, além do
mero semblante.
Olhar de musa, que queima e
transcende,
que desnuda as camadas, que o
tempo esconde e prende.
Queima e revela, desvenda o que
está por trás,
além da superfície, onde repousam
os ais.
Seu rosto calcinado, escultura da
natureza,
memória viva das chamas, da dor e
da beleza.
Testemunha silenciosa, do fogo e
da combustão,
emana a essência do tempo, em sua
mais pura expressão.
Que este poema ecoe a essência do
carbonizado,
da Preciosa do Agreste, que o
tempo tem moldado.
Que celebre sua beleza única, sua
força ancestral,
e inspire a busca pela verdade,
além do superficial.
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Viragem de Vozes
Viragem –
mudança, uma volta
Corporente – do
corpo, presente
Carcanto –
esquina, recanto oculto
Ave, ave, quo vadis?
Na arcada de um chacaré,
uma ave descansa,
o silêncio se espalha em
tupi-guarani,
"Nhanderekó", modo de
ser,
na sombra de folhas que whisper.
Follis de
hélio, galhos distraídos,
desfazem-se no ar, ubi sunt?
As aves que esquecem de
pousar
em céus de palavras
misturadas,
Kuenda, o ir e
vir em kikongo,
no ciclo de voar e voltar.
Algo cai em água
turva,
Ubi aquae turbidae,
mas ressurge, almeja o
brilho,
Ubíty, vida em
tupi, vida no lodo,
onde o claro se
turva,
onde o lodo brilha com luz
própria.
Desfaz-se a
cristalinidade,
tornar-se opaco, tornar-se
pleno,
Inchoare, iniciar
um poema,
com palavras de muitas
línguas,
Yvoty, flor em
guarani,
flor que nasce no inesperado.
Desfazer, para
fazer,
Brincar nas fronteiras do
entendimento,
Ars poetica em
desacordo,
não uma utopia, mas um
"só",
um sopro, um começo,
onde tudo é possível,
no tecido das
línguas,
no entrelaçar das
vozes.
Issó, isso
que é, que seja.
Que seja o que for.
A poesia em todas as suas formas.
*****
fragmentos
para qualquer olhar
talho
a paisagem fria
dia
sem sol
o mármore resiste
ao peso da agonia
palavras
máquinas
muralhas
ah tudo se degrada
passo a passo
interrogo
bares & lares
reticências
contudo
desnudo
face
aos rios
sem curso
b l a c k - o u t
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BSB, 1994
HETÁ
Amarelo
SOL
vibração
luz
Fragmentos
RAÍZES
ancestrais
caminhos em
cores
terra
Exploração
novo
horizonte
Contraste
Vermelho
encontrando Amarelo
União
Texturas
antigas
renovação
Resiliência
Barroco em
ruínas
beleza
Inspiração
HETÁ
comunhão
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sem amarras
sem
limites
sem
amarras
sem
pontuação
caixa
baixa
caixa
alta
liberdade
total
palavras
dançando
no ritmo do
desejo
criatividade
fluindo como
rio
sem
destino
sem
fronteiras
apenas
vontade
de cair no
mundo
e seguir
adiante
palavras com
libido
com fome de
vida
caindo e
indo
sempre em
movimento
poema sem
lirismo
apenas
essência
de um
desejo
de ser
de
existir
pós qualquer
coisa
*****
Parto Poético
No silêncio do
estúdio,
o poeta, árvore em
voo,
enraíza palavras na
terra fértil do imaginário.
Folhas, como
pensamentos, tremulam -
capturam sombras e
luz,
sussurram segredos
de outros mundos.
Nasce o poema,
fruto indomado,
entre o desejo e o
desapego,
uma cria que
respira independente.
Respeitamos o
enlace sagrado,
criador e
criatura,
um pacto de
renascimento perpétuo.
Cada verso, um
lapidar de gemas brutais,
revelando faces
ocultas
no mármore do caos.
Aromas exalam,
convites sutis
que desafiam o
paladar da alma,
oferecendo sabores
de infinito.
E no parto desse
poema,
escutamos o
vento,
esse antigo
escultor de horizontes.
Agora, o poema
respira, vive,
uma entidade à
parte,
flutuando além do
alcance do poeta.
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Uma Ode às
Borboletas
No crepúsculo da
manhã,
quando os primeiros
raios de sol
acariciam a
paisagem,
as borboletas
despertam de seu sono noturno.
Emergem de suas
crisálidas,
símbolos vivos da
metamorfose eterna.
Suas asas, uma tela
onde a arte da natureza
se desdobra em
cores vibrantes e
padrões intricados,
são a prova da
habilidade divina
em transformar o
simples em sublime.
Voam em busca do
néctar das flores,
dançando entre os
jardins
como pequenas
bailarinas celestiais.
Cada batida de suas
asas
é uma nota na
sinfonia da vida,
uma melodia que
ressoa
através dos campos
e florestas,
anunciando a
chegada de uma nova estação.
Mas nem tudo é
sereno no mundo das borboletas.
Elas enfrentam
desafios inimagináveis em sua jornada,
desde predadores
vorazes
até tempestades
violentas.
No entanto, sua
determinação é inabalável,
sua vontade de
viver é inextinguível.
E assim,
a saga das
borboletas continua,
uma história de
beleza e bravura,
de transformação e
transcendência.
Como observadores
dessa dança da vida,
podemos encontrar
inspiração em sua jornada.
Assim como as
borboletas superam desafios
e se transformam,
também podemos
encontrar força
para enfrentar
nossos próprios obstáculos
e nos elevar a
novos patamares
de crescimento
pessoal e espiritual.
Que possamos
aprender com elas
a arte de voar
livremente,
mesmo diante das
adversidades mais sombrias.
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Manifesto do Novo Estilo de Poesia
Nós, poetas e
artistas visuais,
reunidos em busca
de uma expressão poética
mais inclusiva e
diversificada,
propomos um novo
estilo de poesia
que abraça a
tradição e a inovação,
a métrica livre e a
musicalidade do Cordel.
Este manifesto é um
convite à criatividade,
à sensibilidade e à
liberdade artística,
e um compromisso
com a construção de pontes
entre as
experiências humanas universais
e os desafios
contemporâneos.
Princípios Fundamentais:
Métrica Livre e Flexível: Abraçamos a
liberdade
de forma e
estrutura,
permitindo que os
versos fluam naturalmente
de acordo com a
essência de cada poema.
Musicalidade do Cordel: Celebramos a
cadência
e o ritmo
característicos da poesia de Cordel,
incorporando-os em
nossa expressão poética
de forma autêntica
e vibrante.
Exploração de Temas Universais e Contemporâneos:
Buscamos inspiração
nas experiências
humanas comuns e
nas questões sociais,
políticas e
culturais do nosso tempo,
dando voz aos
nossos tempos e desafios.
Liberdade Criativa e Experimentação:
Encorajamos a
experimentação
e a diversidade de
estilos,
linguagens e
formas,
incentivando os
poetas a explorar
novas fronteiras da
expressão poética.
Inclusão e Diversidade: Reconhecemos
e valorizamos as
diversas vozes,
perspectivas e
identidades
dentro da
comunidade poética,
promovendo a
inclusão
e a
representatividade em nossas obras.
Compromisso:
Ao aderir a este
manifesto,
comprometemo-nos a
promover
e cultivar um
ambiente poético
que estimule a
criatividade, a sensibilidade
e o diálogo entre
os poetas e leitores.
Reconhecemos que a
poesia
é uma forma de arte
viva e em constante evolução,
e nos comprometemos
a contribuir
para sua
diversidade e relevância no mundo contemporâneo.
Junte-se a nós
nesta jornada de descoberta e expressão,
onde a poesia é
livre para florescer em todas as suas formas e cores.
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